Senadora compara livro que ensina estudantes a falar errado à "casa da mãe Joana"

     
     Senadores criticaram nesta terça-feira (17) o livro de língua portuguesa adotado pelo MEC (Ministério da Educação) que defende erros gramaticais. A publicação diz ser válidas construções como “nós pega o peixe”. Para a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), sem um idioma correto, o país poderá virar a “casa da mãe Joana”. 

     O livro 'Por uma vida melhor, da coleção Viver, Aprender, foi objeto de discussão da comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado nesta manhã. Marisa disse que a população está “extasiada” com a publicação, que valida erros de concordância como “os livro”. 

    - A língua serve para preparar a pessoa para a cidadania, para que ela tenha uma vida profissional ativa. [...] Se nos não tivermos uma língua correta, vamos virar aqui a casa da mãe Joana. Nunca mais saberemos o que é correto e o que não é correto. 

      O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o país não pode criar duas formas de se falar e lembrou que, nos concursos públicos, cobra-se o português correto. 

     - O português, na gramática e na ortografia, tem que ser um só. É um erro nós dividirmos português de rico educado e de pobre não educado.


     Em um trecho do livro, os autores lembram que, caso deixem a norma culta de lado na comunicação oral, os alunos podem sofrer "preconceito linguístico". Para Cristovam, acabar com o preconceito não pode ser usado como justificativa para se ensinar português de forma errada. 

     - Para quebrar um preconceito, a gente faz uma dessas saídas que o Brasil costuma tomar, que é sair pela metade. 

      O presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), ponderou que a língua constantemente incorpora novas expressões, mas classificou como “exagero” a posição do autor do livro ‘Por uma vida melhor’. 

     - Não podemos imaginar que a língua será congelada pelo preciosismo de alguns gramáticos. [...] Mas sem sombra de dúvidas, os livros exageraram. 

     O livro foi distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos a 484.195 alunos de 4.236 escolas, informou o MEC. Em nota enviada pelo ministério, a autora Heloisa Ramos diz que é preciso deixar de lado a conotação de certo e errado na língua e adotar os termos adequado ou inadequado. 

     O presidente da Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares), Jorge Yunes, participou da audiência e defendeu o livro. Para ele, é papel do professor orientar os alunos sobre o uso correto da língua. 

     - Você precisa achar o contexto. Se você deixa fora de contexto, vai ficar errado. [...] O importante é o professor. Se o professor tem que estar ali para mostrar para o aluno que essa forma está correta e aquela não está correta. 

    Segundo Yunes, as editoras não têm responsabilidade pelo conteúdo dos livros didáticos. Ele explicou que são os professores – que organizam-se em comissões dentro das escolas – quem escolhem os livros a serem adotados. O presidente defendeu ainda a liberdade dos autores e a “pluralidade de opiniões”. 

    - A editora não interfere no conteúdo. Autores têm liberdade para escrever desde que seja a verdade. As pessoas têm que ter diversidade de opiniões, pluralidade. 

Cobrança
 
    Na audiência de antes de ontem, a comissão de Educação, Cultura e Esporte ouviu apenas o presidente da Abrelivros, Jorge Yunes. O ministro da Educação, Fernando Haddad, foi convidado, mas mandou um representante, o presidente do FDNE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), Daniel Balaban. 

    O presidente da comissão, no entanto, senador Roberto Requião, dispensou a participação de Balaban alegando que o mesmo não havia sido convidado. O colegiado fará um novo convite ao ministro, que, segundo assessoria, não compareceu devido a um problema de agenda. 

   A senadora Marisa Serrano cobrou uma explicação de Haddad para os erros gramaticais no livro do MEC e disse contar com sua presença em uma futura audiência. 

   - O MEC tem a obrigação de discutir conosco, com o país. Alguém tem que ser responsável do que é correto, do que é ensinado para as nossas crianças. Se não é a editora, tem que ser quem dirige a educação. 

    O senador Walter Pinheiro (PT-BA) lembrou que o MEC não é responsável pela publicação, mas sim pela orientação do que é aplicado. 

    - Se tem erro na origem, na concepção do material escolhido, o debate tem que ser feito não somente com quem produziu, mas com que orienta a escolha desses livros, que é o Ministério da Educação. 

    Requião disse ter conversado com o ministro, que se comprometeu a comparecer na próxima audiência. Ainda não há data marcada.


 

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