EBD: Lição 3 - O que é o Batismo com o Espírito Santo (17 de abril de 2011)

TEXTO ÁUREO: “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3. 11).


VERDADE PRÁTICA: O batismo com o Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, concedida por Deus aos seus servos, tornando-os aptos a cumprir a missão de pregar o evangelho.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 2. 1-4, 7, 8

     A fé bíblica afirma que Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje e eternamente (Hb 13. 8). A Palavra de Deus assegura a imutabilidade do Senhor (Ml 3. 6; Tg 1. 17) e sua veracidade (Nm 23. 19a), qualidades estas que promovem a certeza do cumprimento de suas promessas (Nm 23. 19b; Is 40. 8; Mc 13. 31; 2Tm 2. 13).

     Esta fé bíblica é baseada no que está revelado na Santa Escritura, mas depende da interpretação. É o que acontece com a promessa do batismo com o Espírito Santo.

     Muitos são os que não creem mais na promessa do revestimento de poder do alto, a qual foi chamada de “promessa do Pai”. Ora, se o Pai não muda, se Jesus Cristo é o mesmo que batiza no Espírito Santo (Mc 1. 8), e se suas promessas não se invalidam e se aplicam a todos os que creem (At 2. 39), não deveríamos todos nós nos sentirmos aptos para esperarmos e pedirmos sobre nós este revestimento? No entanto muitos não interpretam assim este assunto.

     Dizem os que não creem na atualidade e disponibilidade desta promessa que o falar em línguas ficou resignado aos tempos apostólicos; que foi um sinal da chegada do Espírito e que isso não precisa se repetir; que o batismo com o Espírito Santo hoje é o mesmo que a conversão ou regeneração e que todos os salvos são batizados no Espírito Santo devido ao fato de o Espírito ser a marca de que pertencem a Deus e habitar em todo crente (Rm 8. 9; 1Co 12. 13).

     Mostraremos, ainda que resumidamente que a doutrina pentecostal, esposada tradicionalmente pelos assembleianos e outros pentecostais tem respaldo bíblico e histórico e que é aplicável para os tempos hodiernos através do padrão encontrado especialmente no livro de Atos dos Apóstolos, sendo legitimamente interpretado pelas regras da hermenêutica ortodoxa.

     Nosso objetivo não é nos arrogarmos da verdade, sendo tendenciosos e denegrindo a fé dos que interpretam de outra forma, mas aproveitarmos a oportunidade para analisarmos a Palavra de Deus mais detidamente sobre este polêmico assunto e abrir espaço para a discussão. Cremos ser dessa forma que podemos analisar em que cremos e quão fundamentada está a nossa fé na Bíblia. Na conclusão deste post eu mostro links para os sites que eu consultei para escrever este estudo.

I. O QUE NÃO É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

    Muita confusão tem havido sobre o dom pentecostal do Espírito Santo. Ao estudarmos sobre este controverso assunto iremos primeiro mostrar as interpretações equivocadas com relação a este polêmico tema, ou seja, diremos o que NÃO é o batismo com o Espírito Santo.

   1. O batismo com o Espírito Santo não é a regeneração espiritual do pecador. Os críticos da doutrina pentecostal afirmam que a regeneração é o resultado do batismo com o Espírito Santo, ou que a regeneração é confirmada pela habitação do Espírito Santo no interior (Ef 3. 16), nesse sentido, todos os verdadeiros crentes seriam participantes do Espírito Santo e por Ele batizados. No entanto, pelo contexto bíblico percebemos que o batismo com o Espírito Santo, como diz na Declaração de Verdades Fundamentais, é uma “experiência distinta e subsequente à experiência do novo nascimento”.

     Em outras palavras, o revestimento de poder só é possível para quem já foi transformado pela regeneração, que é efetuada pelo poder do Espírito Santo no momento da conversão. Não se deve confundir regeneração com o batismo com o Espírito Santo. Senão, vejamos:

  • Os discípulos que foram batizados no Espírito Santo no Pentecostes (At 2) já anteriormente haviam recebido o Espírito Santo em suas vidas (Jo 20. 22). Isto mostra que eles receberam uma SEGUNDA porção do poder e da presença do Santo Espírito de Deus e que este batismo foi subsequente à conversão.
  • O derramamento de Poder sobre os discípulos samaritanos (At 8. 14-17), bem como sobre o apóstolo Paulo (At 9. 17, 18) deixa subentendido que por certo já possuíam o Espírito Santo na sua vida, pois deles (os samaritanos) é dito que já haviam recebido a Palavra de Deus e tinham sido batizados nas aguas quando receberam o dom do Espírito Santo. No caso de Paulo, mostra-nos o texto que ele esteve três dias cego após o encontro que teve com Cristo, ao final dos quais ele testemunhou o poder miraculoso de Cristo, que curou-o, levanto-o e também o batizou, após três dias de oração.
  • A experiência de Cornélio (At 10. 30-48) e os discípulos de Éfeso (At 19. 1-6), são incomuns pois Cornélio recebeu, com sua família, o derramamento do Espírito evidenciado pelo falar em línguas na mesma ocasião (mas não simultaneamente) do momento da sua conversão e consequente regeneração. Mesmo sendo revestido de poder no momento da sua conversão, a conversão e o batismo não ocorreram como eventos simultâneos e indistintos. No caso dos discípulos de Éfeso eles já haviam crido, mas não estavam a par da doutrina ensinada por João Batista que falava da vinda de Cristo. A fé que manifestaram ao ouvir o evangelho lhes proveu o necessário para serem batizados nas águas e logo após receberem o batismo com o Espírito Santo pela imposição de mãos.

     temos uma citação de um comentário meu sobre o mesmo assunto do subsídio da lição de 16 de janeiro de 2011, que dá a definição da regeneraão distinguindo-a do novo nascimento:

     “Na regeneração (também chamada de novo nascimento e conversão) a pessoa é batizada NO (NELE) Espírito Santo e começa a fazer parte da igreja que é corpo de Cristo, pois a habitação do Espírito no interior é a marca de todo o salvo (Note as referências de Rm 8. 9; 1Co 3. 16; Gl 4. 6). Em outras palavras, (…) TODOS os convertidos ao evangelho possuem o Espírito Santo morando em seu interior, que é a marca da regeneração e da adoção que ocorre com o perdão dos pecados (Ez 36. 27; Jo 14. 17; Rm 8.16)”. (Trecho do meu comentário).

     Desejamos frisar que o batismo com o Espírito Santo é um evento distinto da regeneração ou novo nascimento, mesmo que possam ocorrer na mesma ocasião. Qualquer estudante da Palavra de Deus sabe que o arrependimento, a regeneração, a justificação, a adoção, o novo nascimento, a santificação entre outras características da salvação são eventos distintos, separados, que  possuem objetivos diferentes mas que fazem parte do mesmo processo e ocorrem na ocasião da conversão. O batismo com o Espírito Santo é um evento distinto da regeneração, mas que também faz parte das bênçãos da salvação, mas só alcança esta bênção quem busca (Lc 11. 13) e obedece (At 5. 32).   

   2. O batismo no corpo de Cristo não é o batismo com o Espírito Santo. O batismo COM o Espírito Santo, biblicamente falando, tem muitas diferenças do batismo NO Espírito Santo. Concordamos que quando a pessoa recebe a  Cristo como Senhor, o Espírito Santo de Deus vem habitar nessa pessoa (Jo 14. 23) e assim, ela é batizada, mas, conforme fala em 1Co 12. 13, é batizada com o propósito de participar do corpo de Cristo (a igreja). Só que não pára por aí. Deus tem algo mais a dar àquele que buscar.

     No caso do batismo COM o Espírito Santo podemos ver algumas diferenças:

(A) O propósito é outro: Enquanto o batismo NO Espírito é a confirmação que o crente pertence a Deus e faz parte da igreja (1Co 3. 16, 19); o batismo COM  o Espírito Santo visa capacitar quem já está no corpo de Cristo a anunciar a mensagem do evangelho (At 1. 8); 

(B) A forma de recebê-lo é diferente: Enquanto o batismo no Espírito Santo é algo instantâneo e que a pessoa recebe ao aceitar a Cristo, não sendo necessário o crente pedí-lo a Deus no momento da sua conversão (Jo 14. 16, 17, 26; 15. 26. ), pois nessa acepção, o Espírito Santo é visto como ENVIADO (Veja Jo 16. 7). Já no batismo de fogo, Jesus diz que dará o Espírito Santo a quem lhO pedir (Lc 11. 13; Jo 7. 39), neste caso o Espírito Santo é visto como sendo DADO , ou seja, “entregue” em resposta à oração dos salvos, como aconteceu no dia de pentecostes, onde todos os que estavam reunidos no cenáculo no dia de pentecostes “foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo concedia que falassem” (At 2. 4). A Bíblia mostra que eles “perseveravam unanimemente em oração e súplicas” (At 1. 13, 14). O batismo de fogo, com línguas é dado a quem já obedece (At 5. 32), aos quais o Espírito Santo distribui como quer (1Co 12. 11), enquanto TODOS OS SALVOS apenas têm o Espírito, mas não foram revestidos e, por isso não falam em línguas.

(C) Outra diferença ente o batismo NO Espírito Santo (enviado para morar no íntimo daquele que aceita a Cristo como Salvador) e o batismo COM o Espírito Santo (dado à igreja para a capacitar a pregar o evangelho, evidenciado e diferenciado pelo falar em línguas) é a sua abrangência: No primeiro caso, que é na conversão, 1Co 12. 13 é claro em dizer que TODOS participam do batismo NO Espírito Santo, pois TODOS os salvos bebem dele. No caso do batismo COM o Espírito Santo, Paulo dá a entender que NEM TODOS os crentes participam, ou melhor recebem esta segunda experiência distinta (Note como Paulo faz os Coríntios entenderem isso, nas suas perguntas retóricas que 1Co 12. 28, 29, cuja resposta implícita é um sonoro NÃO).

       Resumindo, todo o salvo têm em si o Espírito Santo, como sinal, marca, ou selo de que ele faz parte da igreja (1Co 12. 13; 2Co 1. 22; 5. 5; Ef 1. 13, 14; 4. 30), mas nem todos os salvos da igreja têm esta segunda experiência evidenciada em falar em outras línguas (1Co 12. 28, 29). O primeiro “batismo” é a experiência da salvação, onde a pessoa, segundo 1Co 12. 13, é batizada EM um (NO, NELE) Espírito e assim faz parte da igreja. A SEGUNDA experiência é quando o crente, já salvo e participante do corpo de Cristo é REVESTIDO (vestido pela segunda vez, vestido com algo por cima daquilo que já o vestia, com um roupa por cima da primeira) para ser capacitado a ser testemunha e exercitar os dons espirituais (1Co 12. 28, 29).

   3. O batismo com o Espírito Santo não é uma experiência exclusiva dos dias apostólicos. Existem argumentos dos crentes tradicionais querendo revogar as verdades bíblicas concernentes ao batismo COM o Espírito Santo. Vejamos:

PRIMEIRA AFIRMAÇÃO: Eles contestam nossos argumentos afirmando que o batismo COM o espírito Santo com o falar em línguas não existe mais. Para isso eles mostram 1Co 13. 8-10, que diz: “O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado”.

     Respondemos mostrando duas verdades neste texto: (1) Este texto está inserido num capítulo onde se compara os dons do Espírito ao amor, e, diante do amor os dons não são nada, da mesma forma que de nada adianta ter os dons e não ter amor (1Co 13. 1-3); (2) Olhando melhor para o texto em questão, notamos que o texto fala de “quando vier o que (aquele que) é perfeito” (v. 10). É por isso que todos os verbos principais estão no futuro. Este que é “perfeito” e que virá dar fim aos dons, é Cristo, a quem veremos “face a face” (v. 12), pois no arrebatamento, a igreja não estará mais aqui para necessitar dos dons para pregar a todos os pecadores, e no céu estes dons também serão desnecessários.

SEGUNDA AFIRMAÇÃO: Eles continuam a dizer que os dons seriam apenas para a geração dos discípulos do Séc. I e que cessaram para os tempos de hoje.

     Refutamos a tal interpretação fazendo lembrar que a promessa do batismo COM o Espírito Santo foi concedida a toda a igreja a todas as gerações, não só aos discípulos do século primeiro, “a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2. 39).

PARE E PENSE: O dom do Espírito é dado gratuitamente. O que você está esperando para recebê-lo? A Palavra de Deus dá claras recomendações para você receber esta bênção.

II. O QUE É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

     Neste segundo tópico, definiremos o batismo com o Espírito Santo. Para isso nos utilizaremos da Declaração de Verdades Fundamentais da Assembléia de Deus, documento que resume as doutrinas esboçadas pela denominação. Neste credo, a sétima verdade fala do batismo com o Espírito Santo, sendo assim descrita, como segue no texto abaixo:

“(…) 7. O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Todos os crentes têm o direito a promessa do Pai, a qual deveriam esperar ardente e intensamente: o batismo no Espírito Santo e no fogo, de acordo com o mandamento de nosso Senhor Jesus Cristo. Essa era a experiência normal de toda a Igreja Primitiva. Com ela chega a concessão de poder para a vida e o serviço, a doação dos dons e seu uso no ministério (Lc 24.49; At 1.4,8; 1Co 12.1-31). Essa experiência é distinta e subsequente à experiência do novo nascimento (At 8.12-17; 10.44-46; 11.14-16; 15.7-9).

O batismo no Espírito Santo nos permite experimentar:

  • uma plenitude espiritual (Jo 7.37-39; At 4.8),
  • uma reverência mais profunda por Deus (At 2.43; Hb 12.28),
  • uma intensa consagração a Ele e dedicação à sua obra (At 2.42),
  • e um amor mais ativo por Cristo, por sua Palavra e pelos perdidos (Mc 16.20) (…)”.

   1. O falar em línguas como sinal do batismo. No decorrer da formação teológica pentecostal, muitos teólogos de sólida formação acadêmica, defenderam e ainda defendem a doutrina da evidência inicial, tais como Donald Gee, Myer Pearlman, Eurico Bergstén, Antonio Gilberto, Roger Stronstad, William Menzies, Stanley M. Horton, Anthony David Palma.

     O teólogo Myer Pearlman na sua obra Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, de 1937, apresentou uma defesa da evidência inicial citando alguns eruditos não-pentecostais. Pearlman pergunta: “Será essa declaração meramente a interpretação particular dum grupo religioso ou é reconhecida por outros grupos?”; e logo cita o teólogo liberal inglês Dr. Rees, que escreveu:

A glossolalia (o falar em línguas) era o dom mais conspícuo e popular dos primeiros anos da igreja. Parece que foi o acompanhamento regular e a evidência da descida do Espírito Santo sobre os crentes.

     A Declaração Oficial de Crenças do Concílio Geral das Assembleias de Deus norte-americana, lembra que a doutrina da evidência inicial é uma doutrina por indução, assim como a doutrina da Santíssima Trindade, pois não há textos dogmatizados em torno desses assuntos. O Concílio assim escreveu:

     Nenhuma doutrina deve estar baseada em fragmentos isolados das Escrituras, mas somente podem estar baseadas em verdades substanciais e implicadas. A doutrina da Trindade não está baseada em declarações definitivas, mas sim em uma comparação de passagens das Escrituras que estão relacionados com a deidade de Deus. Assim como a doutrina da Trindade, a doutrina das línguas como evidência do Batismo no Espírito Santo está baseada em porções substanciais das Escrituras relacionadas com esse tema.

   2. O dom de variedade de línguas. O dom de variedade de línguas é diferente do SINAL DAS LÍNGUAS, pois existem crentes que ao serem batizados com o Espírito Santo manifestam o sinal e evidência exterior em falar em mistérios, mas depois nunca mais falam. Já o dom de variedade de línguas é a habilidade dada por Deus a alguém para que haja comunicação numa língua desconhecida, e para que seja interpretada na assembléia a fim de que todos possam compreendê-la.  2Co12. 10 ; veja 1Co. 14. 5.

     É uma manifestação do Espírito (1Co.1.7), e não uma habilidade humana.  Isto não têm absolutamente nada a ver com habilidades linguísticas naturais, eloquência em discursos, ou uma nova maneira santificada de falar-se.  Ainda que o Espírito possa estar envolvido nestas características estão todas á parte do assunto em consideração. O dom de línguas é uma manifestação ou expressão sobrenatural do Espírito Santo, através dos órgãos vocais de uma pessoa. Ela é uma manifestação direta da esfera dos milagres. A Bíblia revela três categorias gerais quanto ao falar-se em línguas. Embora a Bíblia não seja escrita na forma de um livro de teologia sistemática, com tudo bem dividido e esquematizado, á medida em que a estudamos e aprendemos por observação e experiência, certas categorias claramente emergem.  Ainda que a Bíblia em si não nos dê resumos sistemáticos, estes são descobertos através de uma síntese de todos os ensinamentos da Bíblia num dado assunto. Isto é parte do “manejar (analisar) bem a Palavra da Verdade”. 2Tm 2. 15.

     Estas três categorias de línguas podem ser, claramente, vistas nas Escrituras:

1 – Línguas que são faladas no momento em que recebemos o Batismo no Espírito Santo (Atos 2. 4 –6; 10. 45-47 e 19. 6).

2 – Línguas para uma comunhão pessoal com Deus numa maneira contínua.
(1Co 14. 1-15;  Judas 20; Rm 8. 26,27 e Ef  6. 18).

3 – Línguas que são dadas na igreja  para  uma  comunicação ao Corpo e  para  serem  um sinal ao incrédulo ( 1Co 12. 10; 14.5; 14.21-22).

                                                                        
     Foi a confusão destas três categorias de línguas que o Senhor procurou corrigir na Igreja de Corinto através dos escritos de Paulo. Aparentemente, alguns falavam em línguas demasiadamente nas reuniões, sem que interpretações fossem dadas e  isso produzia confusão e abusos. Portanto, o Senhor, através de Paulo, classificou-as para eles. Além disso, deveríamos entender que há três maneiras gerais em que a Bíblia usa a palavra “dom” ou “graça”.

1 – O “dom” de Deus da Salvação através de Cristo. (Rm 5. 15-18; 2Co 9. 15), o qual inclui:

2 – O “dom” do Espírito Santo. (Atos 2. 38; 8. 20 e 10. 45) o qual inclui;

3 – Os “dons” do Espírito Santo. (2Co 12. 1,4,9 e 28; Hb. 2. 4).

     Em nenhum lugar o batismo no Espírito santo é chamado de “dom de línguas”. Ao invés, ele é o “dom do Espírito” (o qual inclui línguas). Todo crente que é cheio do Espírito Santo deve falar em línguas , mas nem todos necessariamente têm o dom de línguas como uma manifestação espiritual no ministério do Corpo. Paulo ensina que 99% de línguas são para um uso particular e pessoal na oração, louvor e auto-edificação. Todavia, há aqueles a quem o Espírito move para que levantem as suas vozes em línguas na assembléia, para que sejam, em seguida, interpretadas, a fim de abençoarem ao povo.

O DOM DE LINGUAS É PARA A EDIFICAÇÃO DA IGREJA, E NÃO DO INDIVIDUO QUE O EXERCITA. O FALAR EM LINGUAS, COMO PARTE DO DOM DO ESPIRITO SANTO, DEVE CONTINUAR EM NOSSAS VIDAS PRIVADAS PARA UMA EDIFICAÇÃO DEVOCIONAL INDIVIDUAL, E NÃO DA IGREJA.

   3. A finalidade do dom de línguas. QUAIS SÃO OS PROPÓSITOS DE LINGUAS E INTERPRETAÇÃO NA IGREJA?

1 –Para serem um “sinal” ao incrédulo. (1Co 14. 21-22).

2 – Para expressarem edificação, exortação e conforto ao crente. (1Co 14. 3-5). Línguas com interpretação são equivalentes a profecias.

3 –Para levantarem a congregação ao louvor e á oração (1Co 14. 13-16). Nesta passagem, Paulo encoraja ao que fala em línguas a orar pela interpretação. O contexto imediato que se segue é o orar e o falar em línguas. A dedução é que a oração e o louvor no Espírito, poderiam ser interpretadas e  ser edificantes ao Corpo. Se uma igreja tem mais línguas e interpretações que profecias, isto é uma indicação que ela não cresceu além de um nível elementar de fé (1Co 14. 5, 13), ou que há incrédulos que, regularmente, a frequentam e que necessitam desde sinal (1Co 14. 21-22).

DE QUE MANEIRA AS LINGUAS SÃO UM “SINAL” AOS INCRÉDULOS?

1 – Pela EVIDÊNCIA do sobrenatural; ao verem as pessoas falando em línguas que elas nunca aprenderam. (Atos 2. 6-8; 1Co 14. 21-22).

2 – Pela SENSAÇÃO do sobrenatural; elas carregam a atmosfera com a sensação da presença de Deus. Isto é sentido até mesmo pelos incrédulos.

3 – Pelo TESTEMUNHO do ouvir-se uma língua estrangeira que eles possam conhecer. Deus lhes dá um sinal, falando com eles em suas línguas maternas (ou outra que aprenderam).

     Este foi o grande sinal durante o Pentecostes. Eles ouviram as pessoas falando, sobrenaturalmente, em suas próprias línguas maternas. Este sinal proporcionou a salvação de três mil pessoas que foram obedientes. Ainda que as línguas sejam um sinal, os incrédulos nem sempre as aceitam como tal, especialmente se forem praticadas sem a ordem devida (todos falando ao mesmo tempo – 1Co 14. 23).  Eles dirão; “estais loucos”. Na verdade, muitos cépticos e críticos respondem desta maneira, até mesmo quando as línguas são praticadas no modo apropriado.  Muitos hoje, igualam as línguas a uma tagarelice incoerente que é falada num estado de loucura emocional ou psicológica. Isto é, exatamente, o que um grupo de pessoas orgulhosas disse no dia de Pentecostes (Atos 2. 13). Isto é, exatamente, o que Deus disse que os homens diriam.

TODOS DEVEM TER O DOM DE VARIEDADES DE LINGUAS?

     Não! 1Co 12. 28-30  mostra, claramente, que nem todos são usados desta maneira. Ainda que todos possam dar um passo de fé, ocasionalmente, e falar em diversas línguas, não é bíblico o ensinar-se que todos devem ter qualquer um dos dons do Espírito.  Esta era uma das principais ênfases de Paulo em seus ensinamentos sobre os dons e o ministério do Corpo. (Rm 12. 3-8 e 1Co 12. 4-31).

PARE E PENSE: Você jamais receberá o batismo com o Espírito Santo se não tiver um desejo sincero de ser útil na obra de Deus.

III. A EXPERIÊNCIA DE ATOS 2

     O Pentecoste foi importante para o início das atividades missionárias da igreja e sua consequente expansão. Para entendermos bem os fenômenos do derramamento do Espírito que hoje acontece devemos entender o derramamento que ocorreu no Pentecostes.

   1. Glossolalia. Eurico Bergstén lembrou, em suas argumentações sobre a evidência inicial, que havia um sinal comum que identificava o Batismo no Espírito Santo, pois isso fica bem claro em Atos 10.45, onde “todos quanto tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus”(grifo nosso). O teólogo e autor da Bíblia de Estudo Pentecostal, Donald Carrel Stamps, usa o mesmo versículo para argumentar que Pedro e os demais acompanhantes de sua missão, foram convencidos que o Batismo no Espírito Santo foi derramando sobre os gentios após ver o sinal externo da glossolalia.

     Outra passagem que mostra um sinal comum aos primitivos cristãos, sobre o derramamento do Espírito Santo, é Atos 8. 17-19. (Apesar que as línguas não são mencionadas diretamente nessa passagem). Os samaritanos receberam a imposição de mãos dos apóstolos Pedro e João, e logo Simão quis comprar o poder do Espírito Santo, que foi derramado nos samaritanos. Howard Erwin pergunta: “O que Simão viu, que o convenceu de terem os discípulos samaritanos recebido o Espírito Santo mediante a imposição das mãos de Pedro e João?”, e em relação a essa passagem, Stanley M. Horton argumenta:

     Alguma coisa, porém, aconteceu, quando Pedro e João impuseram as mãos sobre os crentes; senão, Simão não compraria algo que surgia da autoridade deles. Simão já vira os milagres de Filipe. O dom de profecia seria exercido no idioma dele, de sorte que o sobrenatural não se destacaria. Permaneceria apenas o que atraiu a atenção da multidão no dia de Pentecoste: O falar noutras línguas conforme o Espírito lhes concedia que falassem (Atos 2. 4, 33). As línguas, aqui não eram a causa do problemas. Por isso Lucas nada diz respeito delas, para chamar a atenção do erro de Simão.

     O erudito pentecostal Antonio Gilberto, na defesa da evidência inicial, lembrou da regra hermenêutica da primeira referência. Segundo Isael de Araújo, no Dicionário do Movimento Pentecostal, o uso dessa regra hermenêutica e o apelo pela “lei da referência tríplice”, usado por teólogos pentecostais, não demonstrou tanta eficácia. Então, os pentecostais começaram a produzir obras de cunho acadêmico na defesa da doutrina carismática e nas línguas como evidência inicial do Batismo no Espírito Santo.

    2. Xenolalia. A seguir apresento um texto adventista (eles não creem no falar em línguas) onde se descreve a xenolalia e se diz que o falar em línguas é um fenômeno explicado por meios psicológicos.

A própria glossolalia auto-aprendida é mais comum do que se reconhece (como no caso dos carismáticos). Conscientes destes fatos, pentecostais creem que a glossolalia não deixa de ser um “dom do Espírito”, mesmo existindo uma explicação psicológica para ela. Outra “forma” de glossolalia “amplamente relatada” entre os pentecostais é a xenolalia (ou xenoglossia), que se trataria da fala miraculosa de um idioma real não-aprendido anteriormente.60 Existe uma tendência de se considerar a xenolalia como um sinal inicial do batismo do Espírito, enquanto que a glossolalia não-idiomática seria um dom do Espírito vivenciado numa fase posterior.Todavia, estudiosos, mesmo defensores da glossolalia, encontram sérias dificuldades para aceitar relatos de xenolalia. A tendência geral é de considerar apenas a glossolalia não-idiomática como fenômeno do Espírito. Patterson, autor pentecostal, apresenta cinco argumentos contra a plausibilidade da xenolalia: a) a maior parte dos relatos são contados por pessoas predispostas a acreditar neles; b) testemunhas de primeira mão confiáveis são “raras”; c) referências à xenolalia em escritos carismáticos não podem ser tomadas como “evidência cientificamente válida”, mas como ilustrações de “crenças de glossolalia”, algo “folclórico”; d) a testemunha não se refere a uma “tradução que poderia ser esperada se ela realmente conhecesse a língua”; e) a testemunha pode às vezes confundir uma glossolalia não-idiomática com uma língua “natural” – “por exemplo, se uma pessoa pensava que ouvia algumas palavras em japonês, ela tenderia a ouvi-las.63 Logo, a xenolalia não pode ser considerada seriamente como característica do pentecostalismo.

     Concordamos que a xenolalia (ou seja, o ato de falar línguas terrenas desconhecidas para o falante, porém conhecidas pelos ouvintes) é um fenômeno raro e que ele aconteceu no dia de Pentecostes como sinal da vinda do Espírito Santo, mas dizer que esse fenômeno é explicado por psicologia é demais. Muitos outros povos exibem este fenômeno da glossolalia porém sem ser da parte de Deus (dentre os praticantes da glossolalia estão os antigos sacerdotes do deus Apolo; os xamãs; os participantes do culto vodu no Haiti; a seita Zar da Etiópia; os esquimós; diversas tribos africanas; e mesmo os ateístas e agnósticos), mas como um fenômeno psicológico de delírio e alucinações, ou de influência demoníaca. Cabe-nos ter discernimento dos espíritos, pois além de anormalidades psicológicas, pessoas endemonhiadas podem falar em línguas estranhas, como nos casos de possessão e nas culturas pagãs. Além disso os povos pagão usavam a glossolalia por influência maligna crendo que possuia poderes mágicos, diferentemente dos pentecostais.

     A xenolalia de Atos 2 serviu para atrair a multidão e fazê-los ouvir o evangelho em sua própria língua. Serviu como ilustração de que o evangelho, pelo poder do Espírito, seria pregado a todos os povos, nações e línguas.

   3. Atualidade das manifestações espirituais. Os cessacionistas como Jonh Stott, como acima descrito, argumetam que Lucas escreveu livros históricos sem intenção teológica. Stronstad escreveu na obra acima citada, que esse argumento de Stott acaba por criar um canôn dentro do canôn. William W. Menzies, Phd. em história da Igreja pela University of Iowa, escreveu: “O gênero literário de Atos não é meramente histórico, mas também intencionalmente teológico”, da mesma forma o revendo assembleiano Anthony D. Palma, mestre em divindade pelo New York Theological Seminary e doutor em teologia pela University of Concórdia, escreveu:

     “Os escritos de Lucas pertencem ao gênero literário da História. Mas o livro de Atos é mais do que a história da Igreja Primitiva. Acadêmicos contemporâneos, especialmente, afirmam que Lucas foi um teólogo à sua moda, bem como um historiador. Ele usa a Historia como um meio para apresentar sua teologia”.

     Baseados nesta verdade hermenêutica temos firme certeza de que o que está na palavra de Deus aplica-se ainda hoje a todos os que crerem (At 2. 39). Atos conta a doutrina através da história da igreja primitiva. Como livro bíblico, não perde nada em sua inspiração e conteúdo didático, ilustrado pelos acontecimentos históricos, narrados por Lucas (Rm 15. 4; 2Tm 3. 16).

PARE E PENSE: A promessa do revestimento é para todos em todos os tempos. Você deve crer, buscar e esperar a promessa de Deus cumprir-se  em sua vida, mas pra isso, você tem de ficar na posição que Jesus quer: “Ficai em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24. 49)”. Em Jerusalém os discípulos estavam em oração, esperando a chegada do Espírito. E você, como está esperando?

     CONCLUSÃO

     Citarei com gratidão aqui os links onde pesquisei para completar este post, basta clicar nas palavras de cor azul.

     Sobre a xenolalia (site adventista), sobre o dom de línguas, sobre o dom de variedades de línguas e sua finalidade.

     Você poderá se aprofundar mais neste assunto clicando aqui.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. Você já é batizado no Espírito Santo?

2. O que você teve de superar para receber o revestimento do Espírito?

3. O que mudou na sua vida após ser revestido no batismo com o Espírito Santo?

4. De que forma você faz para conservar o do que você recebeu de Deus?

5. Você tem buscado mais dons espirituais? Quais? Como você tem buscado?

ORAÇÃO

Senhor, que o teu fogo venha nos queimar, inflamar para sermos mais úteis na tua obra. Aviva tua obra em nós para que nós possamos abalar o mundo com o teu evangelho! Amém.


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Boa aula!

Pedro M. A. Júnior.

TWITTER: @visaobiblica

LIVE MESSENGER E E-MAIL: jcservo@hotmail.com

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