EBD: Lição 05 – A Importância dos Dons Espirituais (1º de maio de 2011)

TEXTO ÁUREO:  Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes (1Co 12. 1).


VERDADE PRÁTICA: Os dons espirituais são concessões do Espírito Santo, objetivando expandir, edificar, consolar e consolar a igreja de Cristo, para que ela cumpra, eficaz e plenamente, a missão que Deus lhe confiou.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1Coríntios 12. 1-11

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     Este estudo destina-se a analisar os dons espirituais de forma a destacar sua aplicação prática à vida cristã. O assunto do presente estudo, muitas vezes perde seu maior proveito devido ao exagero de empregar termos teológicos pela força da técnica doutrinária e pela maneira impessoal de abordar o tema.

     Nosso objetivo é não somente fazer o crente entender a natureza, o propósito e a operação dos dons, mas, principalmente, buscá-los para sua própria vida, com o intuito de ser mais útil à sua igreja e ao corpo de Cristo em geral, visando o crescimento espiritual. Lembramos que a aplicação pessoal não nos impede de abordarmos o tema de maneira mais profunda, da mesma forma que a abordagem teológica deve ser sempre empregada ressaltando-se o caráter prático e aplicável dos ensinos bíblicos.

O Contexto Teológico dos Dons Espirituais

     Os dons equipam os salvos (isto é, a igreja) para melhor servir, com o objetivo de edificar o corpo de Cristo e testemunhar ao mundo a salvação divina. Isso mostra que todo o crente pode ser útil no Reino de Deus, como nos revela Mt 4. 19; 1Co 12. 7, 11; Ef 4. 7, 8. Jesus relaciona a manifestação dos dons espirituais com a pregação do evangelho na versão da grande comissão relatada pelo evangelista Marcos (Mc 16. 15-17; Cf., Hb 2. 3, 4).

     São várias as referências que tratam dos dons espiritua­­­­­­is – esta palavra aparece em Rm 1. 11, no grego χάρισμα ὑμῖν πνευματικὸν (chárisma úmin pneumatikon, literalmente significa “dádivas espirituais”, “dons concedidos pela graça” ou ainda, “presentes dados pelo Espírito”). No entanto, a palavra mais comumente usada para descrever os dons do espírito é a palavra grega carismata (charismata, dons, dádivas – tendo o sentido de presentes, por serem dados de graça e sem o merecimento de quem o recebe). Esta palavra é derivada do verbo carizomai (charizomai, significando “dar generosamente, gratuitamente”), cuja raiz vem da palavra χάρις (cháris, dom imerecido, ato gracioso e benevolente de Deus). Aparece verbalmente em Rm 8. 32; 1Co 2. 12 e Gl 3. 18, traduzida como “conceder gratuitamente”. Assim como Deus concede sua salvação aos perdidos pela sua χάρις (graça, veja Rm 5. 15, 16; 11. 29), também concede capacitação aos salvos por vários implementos através dos seus carismata (dons, veja 1Tm 4. 14; 2Tm 1. 6; Rm 12. 6, 8).

     Uma palavra também usada para destacar os dons espirituais é a palavra των πνευματικων (ton pneumatikon), que literalmente significa “do Espírito”, neste contexto, ela aparece em (1Co 12. 1 e 14. 1), destaca que a fonte dos dons é o próprio Espírito Santo.

     Outras palavras que referem-se aos dons do espírito, porém raramente usadas neste sentido, são doma (Ef 4. 8) e dorea (At 11. 17).

     Comparando as referências de Rm 12. 6-8; 1Co 12. 28; Ef 4. 11, entendemos que os dons do Espírito Santo são obras de Deus que atuam em três áreas da vida cristã, pois capacitam o salvo sobrenaturalmente para melhor:

(A) Servir (a palavra usada neste sentido é ἐνεργήματα, energēmata, aparece em 1Co 12. 6, sendo traduzida na RC por operações, e na e na RA por realizações, significa agir, fazer, produzir algo, ressalta os resultados práticos de alguma obra feita para a glória de Deus (Cf., Ef 3. 7).

(B) Adorar (φανερωσις, phanerōsis, literalmente “expressão visível”, traduzida em 1Co 12. 7 como manifestação). Esta expressão destaca a força da manifestação dos dons, geralmente relacionada à prática da adoração.

(C) Ministrar (diakonia diakonia, significa serviço, obra, trabalho, Rm 11. 13; 1Co 12. 5) ao corpo de Cristo, trazendo sua edificação, aprofundamento na comunhão, intensificação na devoção cristã, além de suprir ferramentas poderosas para o testemunho evangelístico. Assim entendemos que os dons espirituais edificam a igreja tanto interna quanto externamente. Ministrar e servir são basicamente a mesma coisa. Veja a diferença entre o tópico (A) e o tópico (C).

     Já que a palavra grega usada para dons espirituais é carismata (charismata), podemos entender por que todo grupo religioso que dá ênfase à ação sobrenatural do Espírito Santo nos dias de hoje é denominado de grupo carismático. Os carismáticos são geralmente relacionados com os católicos romanos, enquanto os pentecostais referem-se aos grupos evangélicos que têm a mesma ênfase.

A Analogia dos Dons do Espírito

1. Digamos que você tenha uma bicicleta. Antes não tinha, mas agora tem. Aí está a diferença entre o crente batizado com o Espírito Santo e o que não é batizado: o batizado com o Espírito pode cumprir com o propósito de Deus mais eficazmente do que um crente que ainda não recebeu o batismo, da mesma forma que uma pessoa de bicicleta pode chegar mais rapidamente a algum lugar do que uma pessoa que vá até lá a pé.

     Agora imaginemos que você comece a comprar alguns acessórios para sua bicicleta: uma sineta; um câmbio com 18 marchas, retrovisores, pneus revestidos, raios e calhas cromados, amortecedores dianteiros e traseiros, etc. Assim é com os dons espirituais – funcionam como acessórios para o batismo com o Espírito Santo, melhorando o desempenho e a utilidade do salvo no serviço e na adoração, seja espiritual (individual) ou eclesiástica (coletivamente), 1Co 14. 12.

     A maior diferença entre um crente usado pelos dons espirituais e uma bicicleta equipada com vários acessórios é que com os dons espirituais pode-se fazer muito mais do que com uma simples bicicleta incrementada.

2. Uma outra analogia temos na questão do casamento. A noiva podia ser adornada. Várias pérolas poderiam ser incluídas na sua grinalda e na cauda do seu vestido, além de outros enfeites. Em que as pérolas e enfeites ajudam a noiva com relação ao noivo? Eles tornam a noiva mais bonita aos olhos do noivo, da mesma maneira que uma igreja adornada com as pérolas dos dons espirituais é bela aos olhos do noivo Jesus, quando sabe usar estes dons de forma equilibrada.

3. A analogia usada por Paulo em 1Co 12. 12-27 que mostra a união do corpo na diversidade de membros, que, sendo muitos, têm o mesmo objetivo, mesmo possuindo diferentes funções, aplica-se muito bem aos dons espirituais no sentido de ressaltar que os dons são unicamente para a promoção do bem-estar e unidade da igreja, que é o corpo de Cristo. Os dons não têm por objetivo causar divisões, exaltar a espiritualidade de quem os exibe ou serem usados para firmarem alguma doutrina estranha à fé pura e à sã doutrina bíblica. Cada dom contribui harmonicamente para o funcionamento, crescimento e desenvolvimento da obra de Deus na terra, através da sua Igreja.

     “Cada um, pois, aproveite-se da manifestação do Espírito em si, e também a use em proveito de toda a Igreja (1Co 12. 7). Este princípio de "partilha" é muito enfatizado no Novo Testamento, não somente por Paulo, como pelos outros escritores (1Pe 4. 10-11). A Igreja, como mostra Paulo, é um corpo no qual essa parceria íntima deve ser manifesta” (Novo Comentário da Bíblia).

4. Pedro mostra a analogia do edifício (ou templo) que é edificado (construído) para ser uma casa onde se ofereçam sacrifícios espirituais. Os crentes são as pedras (tijolos) desta construção; Jesus é a Pedra fundamental (alicerce), e esta casa é a igreja. Em que lugar se inserem os dons espirituais nesta ilustração? Os dons tornam os serviços e a adoração mais completos, fazendo parte dos “sacrifícios espirituais aceitáveis em Cristo Jesus”. Veja 1Pe 2. 4, 5. Pedro concorda com Paulo em 1Co 6. 19. Pedro afirma que a igreja é o templo, enquanto Paulo diz que cada crente individualmente é um templo onde Deus habita. Isso mostra que os dons são presentes individuais (dados a cada crente) visando o bem coletivo (a edificação de toda a igreja).

Conceito dos dons espirituais

     De acordo com o que vimos acima, podemos conceituar dons espirituais como “acessórios” (ou recursos adicionais) dados por Deus, através do Espírito Santo, no crente que já foi revestido pelo batismo pentecostal.

     Os dons diferenciam-se do fruto do Espírito por serem algo que acontecem dependendo da ocasião, da necessidade, do propósito e da vontade de Deus para que possam se manifestar, visando a capacitação espiritual do salvo, enquanto que o fruto desenvolve-se gradativamente no caráter do crente, visando seu aperfeiçoamento moral, não sendo algo momentâneo como os dons. Os dons espirituais também não são a mesma coisa que talentos, pois talento é algo natural, uma habilidade humana bem desenvolvida, enquanto o dom é uma capacitação espiritual poderosa, não envolvendo méritos humanos.

A Generalidade dos Dons – principais passagens

     A lista mais conhecida dos dons espirituais cataloga cerca de nove dons (Cf., 1Co 12. 8-10). Esta lista não é completa, pois em 1Co 12. 28; Rm 12. 6-8; Ef 4. 7-16 são citados outros dons.

Em todo o contexto do Novo Testamento podemos inferir mais de 20 dons diferentes do Espírito Santo.

Termos usados para designar os dons espirituais

     Várias são as designações usadas para indicar as expressões dos dons espirituais (1Co 12. 4-6). Suas designações dependem do ponto de vista abordado, o que mostra verdades particulares dos dons como um todo. Assim pois, do ponto de vista do Espírito Santo, suas dádivas são chamadas de dons (charismata - 1Co 12. 4, 7, 11) o que mostra a fonte dos dons e os menciona como presentes de Deus (Rm 1. 11; 5. 15, 16; 6. 23; 11. 29; 12. 6; 1Co 1. 7; 7. 7; 12. 4, 9, 28, 30, 31; 2Co 1. 11; 1Tm 4. 14; 2Tm 1. 16; 1Pe 4. 10); do ponto de vista de Jesus Cristo, são considerados como ministérios (diakonia – 1Co 12. 7; Rm 12. 7) ou seja, como responsabilidades dadas aos salvos e uma oportunidade de melhor servir na edificação da Igreja de Cristo (At 6. 4; 20. 24; 21. 19; Rm 12. 7; 2Co 3. 8; 5. 18; 9. 1, 12; Cl 4. 17; 1Tm 1. 12; 2Tm 4. 5; Ap 2. 19); do ponto de vista de Deus, são operações (energemata – 1Co 12. 6, 10) ou seja, resultados visíveis de uma operação invisível. Os dons revelam o poder visível do Deus invisível (Mc 6. 14; cf., Ef 1. 19; 3. 7).

     Vejamos os significados dos termos que designam os acessórios do crente cheio do Espírito Santo, que o capacita para realizar a obra de Deus:

(A) Dons espirituais (pneumatikov pneumatikos – 1Co 12. 1). São presentes espirituais que manifestam a presença poderosa do Espírito Santo.

(B) Dons da graça (carismata, karismata – 1Co 12. 4). Ressalta o ato gracioso de Deus em doar os dons. Neste sentido os dons são dados da mesma forma que a salvação, ou seja, gratuitamente.

(C) Ministérios (diakonia, diakonia – 1Co 12. 5). Os dons podem ser tanto habilitações especiais quanto as próprias pessoas especiais capacitadas por eles. Um dom não faz a pessoa mais especial que outra, porém dá-lhe mais responsabilidade. Neste sentido os dons são responsabilidades específicas concedidas aos crentes, que servem como administradores (mordomos) destes dons, para o seu Senhor. O próprio Senhor dá a responsabilidade e capacita sobrenaturalmente o crente ou a Igreja a cumprir as próprias responsabilidades por Ele conferidas.

(D) Operações (energhmatwn, energematon – 1Co 12. 6). Destaca a ação divina poderosa visível através de um instrumento humano frágil, ao agir esta força invisivelmente no interior deste instrumento. É um dos paradoxos preferidos de Deus, usar o fraco com sua divina força (Is 40. 29; Joel 3. 10; 1Co 1. 27-29; 2Co 3. 5; 4. 7, 16; 12. 10; Hb 11. 34).

(E) Manifestações (φανερωσις, phanerōsis – 1Co 12. 7). Destaca a intervenção divina que provoca admiração.

Análise de cada um dos Dons no Contexto Doutrinário

     A seguir analisaremos os dons comentando o contexto bíblico onde são mencionados, nos aproveitando das principais passagens.

    Rm 12. 6-8. O contexto desta passagem gira em torno do versículo 3 que diz, na RA: Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Os dons espirituais estavam sendo considerados pelos crentes de Roma como sinais que atestavam a maior espiritualidade de quem os possuía. Paulo exorta ao crente que não se glorie sobre os outros crentes: “digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação”, ele completa afirmando que não existe razão para que ninguém se glorie sobre os outros pois os dons são dados segundo a medida de fé. O merecimento pode ser avaliado pelo homem, mas a fé só Deus pode avaliar. Nos versículos 6-8 Paulo mostra o verdadeiro objetivo dos dons: não é de servir aos propósitos egoístas de um crente isolado do corpo de Cristo, mas de contribuir para o crescimento do corpo e o fortalecimento da comunhão da igreja, unindo-se ao corpo, ao invés de isolar-se dele (v. 5). O apóstolo relaciona os dons mostrando a devida intenção em usá-los que cada crente deve ter: (A) O versículo 7 afirma que se o dom que o crente tiver for um dom ministerial, deve haver dedicação em servir aos outros. O ministério só é válido se tivermos alguém para servir e, quem serve ao Senhor, não deve considerar vergonhoso servir aos outros irmãos (Lc 10. 40). (B) No versículo 8a, Paulo diz que o dom de exortar deve ser posto sempre em prática. A tradução revista e corrigida ressalta bem esta idéia: “ou o que exorta, use esse dom em exortar”. Não adianta ser usado pelo Espírito Santo em proferir boas exortações públicas no meio de uma assembléia de muitos crentes se este mesmo crente não se importa com um só irmão que esteja passando por uma situação difícil, individualmente. O caráter mais prático da exortação aplica-se muitas vezes à problemas e situações específicas, pessoais, demandando uma conversa a dois, particular. Para ser uma bênção à igreja, o crente com este dom deve sempre exercitá-lo quando houver ocasião (Hb 10. 25). (C) O versículo 8 continua citando outros dons: “o que reparte (ou o que contribui, RA), faça-o com liberalidade”. O salvo que contribui no sustento do ministério e na ajuda aos necessitados é considerado um dom de Deus à igreja (Lc 3. 11; Ef 4. 28). “O que preside, com cuidado”, pois a administração eclesiástica não está isenta de erros. Apesar de um líder poder ter um dom administrativo (o que preside), o elemento humano pode macular o pleno desenvolvimento e desempenho deste dom divino, por isso deve-se ter cuidado ao usá-lo. “O que exercita misericórdia, com alegria”, é o dom dado àquele que se sacrifica alegremente para suprir uma necessidade urgente na igreja. A passagem de 2Co 9. 7 ilustra bem este dom.

     Resumindo, de acordo com Rm 12. 6-8, a capacitação ministerial é necessária para suprir as necessidades do crente como uma ovelha; os dons didáticos (o que ensina) são para suprir as necessidades do crente como um aluno (discípulo); o don de exortação (o que exorta) têm a finalidade de suprir as necessidades do crente e do descrente como um ser emocional, sensível, para tocar o seu coração; o dom de repartir é necessário para conservar o andamento da igreja como um corpo (At 2. 45); o dom da presidência (o que preside) é conferido àquele que lidera e/ou organiza na igreja, como um ministério; o dom da misericórdia (exercita misericórdia) é aquele dom que se expande em atos de generosidade no doar-se ao próximo, como a alguém que carece da graça de Deus manifesta, da mesma forma como Jesus deu-se em nosso lugar (2Co 8. 4, 5, 9). Este é o caráter prático destes dons.

     1Co 12. 8-10, 28. Neste trecho os dons do Espírito que são listados são os dons que tinham maior proeminência e mais se manifestavam na igreja dos coríntios. A palavra da sabedoria, pode ser traduzida como “falar sabiamente”, indicando “um modo sábio de falar”. Em uma situação difícil ou perigosa uma palavra da sabedoria pode solucionar a dificuldade ou silenciar o opositor (Mt 10. 17-20; At 6. 10; 15. 28; 1Co 2. 7; 2Co 1. 12). A palavra da ciência (conhecimento), é uma declaração que deriva-se de algum conhecimento profundo, que não seria esclarecido se não fosse revelado pelo espírito Santo. Não é um tipo de instrução decorrente do conhecimento bíblico e da interpretação teológica, mas a forma em que este conhecimento e esta interpretação são aplicados a situações específicas. Geralmente está associado com o dom de discernir espíritos (At 5. 1-4; Rm 15. 14; 1Co 2. 11). A fé, como um dom é aquela que faz a pessoa crer de forma sobrenatural no poder de Deus, ativando este mesmo poder (Mt 17. 19, 20; 21. 21; Mc 11. 22, 23; Lc 17. 5, 6; 2Co 4. 13; Hb 11. 33). Os dons de curar é um dom específico que opera para cada situação que envolve a cura de um enfermo. A palavra grega indica que cada cura é um dom de Deus, por isso está no plural, ressaltando as formas variadas em que este dom age (Mt 10.8; Mc 16.18; Lc 9.2; 10.9; At 3. 6-8; 4.29-31; 5.15; 10.38). A operação de maravilhas é um dom que está relacionado com o dom da fé. Os crentes oravam para que Deus realizasse no meio deles “sinais e prodígios” (At 4. 29, 30). Este dom age geralmente como o poder que expulsa os demônios (At 16. 18; 19. 11, 12), ressuscita os mortos (At 20. 7-12) e os milagres que desafiam as leis da natureza (At 28. 3-6). Está relacionado com o julgamento de Elimas, o mágico (At 13. 9-11) A profecia é o dom daquele que anuncia a vontade inescrutável de Deus. Paulo alude a este dom como sendo uma declaração que visa o bem do ouvinte ou da igreja em geral (1Co 14. 3-5, 24-26, 31). A profecia como um dom não é obrigatoriamente a previsão do futuro, apesar de estar também relacionada com isto (At 11. 27, 28; 21. 8-11; 13. 1; 1Co 12. 28). O dom de discernir os espíritos deve andar junto com o dom de profecia, para discernir (julgar) a verdadeira inspiração e motivação por trás de uma aparente mensagem profética ou doutrinária, um exemplo clássico do uso deste dom está em At At 5. 1-5; 16. 16-18; A variedade de línguas deve envolver tanto línguas humanas estrangeiras quanto línguas espirituais, ambas desconhecidas por quem fala (At 2. 4-8; 10. 46; 19. 6; 1Co 14. 18). A interpretação das línguas não é o mesmo que tradução das palavras faladas em mistérios, mas a interpretação da mensagem que se intenciona proclamar. Paulo afirma que as línguas, quando interpretadas têm o mesmo valor da profecia, e igualmente deve ser julgada, pelo padrão doutrinário bíblico (1Co 14. 12-17, 27-29).

     No trecho de 1Co 12. 28, Paulo repete alguns dons, nos quais socorros e governos são dons que ele ainda não havia citado. Mas, certos comentaristas consideram eles sinônimos de outros dons. Socorros, é considerado como o mesmo dom mencionado como “exercer misericórdia”, em Rm 12. 8 (veja sua definição acima). Governos é o dom citado em Rm 12. 8 como “aquele que preside” (veja sua definição acima).

     Em Ef 4. 11 e 1Co 12. 28, citam os dons chamados ministeriais, os quais faremos alguns apontamentos: Os apóstolos, são os missionários pioneiros, aqueles que fundam igrejas onde não havia (Rm 15. 20, RA), são aqueles que exercem uma autoridade sobre certa parte do rebanho de Deus (Gl 2. 7). Os apóstolos não são apenas os doze, pois outros são chamados por este título, fossem verdadeiros apóstolos ou apóstolos falsos (Lc 11. 49; At 14. 14; Rm 16. 7; 1Co 12. 28, 29; 2Co 11. 13; Gl 1. 19; Ap 2. 12). Os profetas como um ministério, tinham a função e exortar os crentes sobre a direção de Deus. Àgabo é um exemplo. Os evangelistas eram os missionários que ganhavam almas para Cristo. Filipe é um bom exemplo (At 8. 5-39). Os pastores e mestres, são aqueles com a incumbência e a capacitação de pastorear a igreja, ministrando-lhe a Palavra às suas necessidades espirituais (Ef 4. 11, 12; 1Tm 5. 17; Hb 13. 17).

A classificação dos dons do Espírito Santo

     A tabela que demonstramos acima classifica três diferentes categorias de dons, que destacam a capacitação promovida pela trindade. Estes dons aparecem em Rm 12. 6-8; 1Co 12. 8-10 e Ef 4. 11. Deferente da classificação da tabela acima, os dons de 1Co 12. 8-10 podem ser classificados de uma forma diferente, usando se a palavra grega hetero (ἑτέρω, um tipo ou classificação diferente) que aparece explicita no texto grego de 1Co 12. 8-10. Isto mostra que os dons não são limitados a uma classificação rígida e que podem agir em conjunto livremente. No texto grego, note a palavra ἑτέρω (hétero), em negrito e sublinhado, destacando as divisões das categorias implícitas no texto grego.

1Co 12. 8-10 no texto grego:

Versículo 8 - ᾧ μὲν γὰρ διὰ τοῦ Πνεύματος δίδοται λόγος σοφίας, ἄλλῳ δὲ λόγος

γνώσεως κατὰ τὸ αὐτὸ Πνεῦμα,

Versículo 9 - ἑτέρῳ δὲ πίστις ἐν τῷ αὐτῷ Πνεύματι, ἄλλῳ δὲ χαρίσματα ἰαμάτων

ἐν τῷ αὐτῷ Πνεύματι,

Versículo 10 - ἄλλῳ δὲ ἐνεργήματα δυνάμεων, ἄλλῳ δὲ προφητεία, ἄλλῳ

δὲ διακρίσεις πνευμάτων,

ἑτέρῳ δὲ γένη γλωσσῶν, ἄλλῳ δὲ ἑρμηνεία γλωσσῶν·

     Abaixo você verá a mesma disposição do texto português usada no texto grego, destacando a intenção de Paulo em classificar os dons espirituais. A versão que utilizamos neste intuito é a Revista e Corrigida, de Almeida. Note que nem todas as palavras “outro” que aparecem no texto português são sublinhadas e estão em negrito, somente aquelas cuja tradução derivou de heteros.

1Co 12. 8-10 em português:

Versículo 8 - Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro,

pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

Versículo 9 - e a outro, pelo mesmo Espírito, a ; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

Versículo 10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos;

e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

De acordo com o texto grego podemos assim dividir os dons do Espírito:

· Dons de ensino (e pregação). V. 8

Palavra da sabedoria;

Palavra da ciência.

· Dons do ministério (à igreja e ao mundo). V. 9 e parte do v. 10

Fé;

Dons de curar;

Operação de maravilhas;

Profecia;

Discernimento de espíritos.

· Dons de adoração – parte final do v. 10, a partir da palavra heteros, que no texto grego aparece sublinhada e em negrito para demonstrar onde ela aparece e esclarece tal classificação.

Variedade de línguas;

Interpretação das línguas.

Como Administrar os Dons

     Nas principais passagens analisadas anteriormente vemos alguns conselhos. Eis alguns:

1. Devemos exercer nosso ministério proporcionalmente à nossa fé;

2. Devemos concentrar nossa atenção nos dons que sabemos possuir e aprimorá-los pela prática dos mesmos;

3. Devemos manter as atitudes certas: contribuir com generosidade, orientar com diligência e ter alegria em demonstrar misericórdia.

4. Todos temos funções diferentes no corpo de Cristo, e devemos compreender o relacionamento com o corpo inteiro (Co 12. 28-31);

5. Os dons devem edificar a todos, e não somente ao indivíduo;

6. A ninguém cabe o senso de superioridade ou de inferioridade, pois cada membro do corpo é igualmente importante;

7. Os dons são acalcados pela graça de Deus, não pelo nosso merecimento. Devemos usá-los com o objetivo de transmitir a mesma graça aos outros;

8. Devemos nos lembrar que os dons não são talentos humanos, mas dádivas de Deus, e devem ser usados segundo a sua vontade;

9. Até o maior de todos os dons é inútil sem o amor;

10. Os dons devem incentivar os outros crentes a buscarem os dons que desejam e usarem os dons que possuem, permitindo serem usados pelos dons que Deus distribui;

11. Devemos ministrar da melhor forma possível em cada necessidade;

12. Devemos ministrar confiando no poder que Deus dá, e não pelo uso da nossa própria força ou esforço;

13. Finalmente, toda a glória deve ser dada a Deus, pois os dons são dEle e para a glória dEle.

Como Despertar os Dons Espirituais na Própria Vida e na Vida da Igreja

1. Ofereça oportunidades. Nada melhor do que um ambiente espiritual de adoração para a manifestação da fé e conseqüentemente dos dons;

2. Produza consciência espiritual. O estudo bíblico, a oração e o testemunho são canas por onde podemos inspirar e preparar a manifestação dos dons;

3. Cultive a disposição de ministrar aos outros. Este objetivo agrada ao Senhor. É dEle a responsabilidade de capacitar o crente que deseja servir ao próximo da melhor forma possível;

4. Crie um espírito de receptividade. Não permita que nada o acanhe ou diminua sua fé e sua disposição de agir, quando inspirado pelo Espírito Santo;

5. Avalie sua vida. Exclua e confesse todo e qualquer pecado que o impeça de ter comunhão com Deus, a fonte maior dos dons;

6. Dedique tempo à oração. A oração prepara a alma para ser instrumento de Deus;

7. Compreenda as diferentes necessidades. Existem formas mais bem adaptadas às necessidades específicas das pessoas;

8. A adoração robusta libera os dons. É neste ambiente que o encontro com Deus pode liberar milagres;

9. Obedeça à voz de Deus. Confie na direção divina, pois ela nunca falha. Diga o que Ele mandar dizer, faça o que Ele mandar fazer;

10. Os dons não aparecerão em sua vida se você quiser servir a si mesmo. Eles devem ser empregados no ministério da igreja;

11. Avalie as manifestações ao seu redor. O que Deus está fazendo em sua igreja através dos outros? O que você pode aprender com isso?

12. Lembre-se que você é o vaso e Deus o oleiro. Não é o contrário. Permita Deus te usar como Ele quer. Esteja disposto a pagar o preço (as conseqüências).

13. Não busque sucesso em declarar ser usado por dons espirituais. Não finja. Deus não aceita impostores.

Respondendo a algumas dúvidas

1. Qual a diferença entre os dons da palavra da sabedoria, da palavra da ciência e a profecia?

     Os três dons são manifestações que procedem de Deus a algum crente com o intuito de comunicar mensagens para outro crente ou não-crente. A diferença é que no dom da palavra da sabedoria, a mensagem é concedida de maneira apologética, autoritária e irrefutável. A sabedoria assumida pela pessoa que é usada neste dom muitas vezes é confundida com a eloqüência. Já na comunicação feita pelo dom da palavra da ciência, a mensagem é proferida baseada em um conhecimento ou situação revelados ao crente que é usado por este dom, enquanto que a profecia é uma mensagem mais geral, inspirada por Deus com o objetivo de fortificar a fé de quem a ouve. Não devemos confundir a profecia com um bom sermão, apesar destes três dons poderem se manifestar durante uma pregação ungida pelo Espírito Santo. Nada impede de os dons se manifestarem conjuntamente, mas as diferenças devem ser discriminadas.

2. Os crentes não batizados pelo Espírito Santo podem ser usados através dos dons espirituais?

     Alguns dons possuem ocorrências similares nos evangelhos, como por exemplo, a expulsão de demônios (similar à operação de maravilhas), as curas (dons de curas, ver Mc 6. 13; Lc 9. 1; 10. 9, 17), o dom da fé (Mt 15. 28), a palavra da sabedoria (Mt 13. 11), etc. No entanto estas manifestações não eram ainda os “dons do Espírito“, simplesmente eram milagres e revelações que provinham de Deus ao crente que tinha fé na autoridade do nome de Jesus (ver Mt 10. 1; 18. 20; Mc 9. 39; Lc 9. 1; Jo 14. 13) e comunhão com o Espírito Santo (At 19. 13-17). Os dons só se manifestaram depois do dia de Pentecostes. Alguns dos dons nunca poderiam se manifestar antes do Pentecostes, como a variedade de línguas, a interpretação das línguas, o discernimento de espíritos e a profecia. Os discípulos de Cristo exerceram estes dons só depois do dia de Pentecostes. Antes do Pentecostes eram simples milagres por eles exercidos pelo poder da fé em Cristo. O mesmo dá-se hoje.

3. No Antigo Testamento os dons se manifestavam como hoje?

     Os dons têm seus similares em muitas passagens do Antigo Testamento. Podemos considerar algumas passagens bastante ilustrativas como no caso de Eliseu (dons de cura, 2Rs 4. 34; 5. 9-14; palavra da sabedoria, 2Rs 6. 8-12; operação de maravilhas, 2Rs 6. 1-7), Elias (operação de maravilhas, 1Rs 17. 14 e dom da fé, Tg 5. 17, 18), Aias (dom da palavra da ciência e profecia, 1Rs 14. 1-10), Davi (discernimento de espíritos, 2Sm 14. 1-20) são exemplos. Todavia, devemos perceber que estes dons não manifestavam-se como hoje, “pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” (Jo 7. 39, RA). Apesar de também serem manifestações miraculosas, não podem ser consideradas como “dons”, pois só foram concedidos após Cristo ter sido glorificado (At 2. 33). No Antigo Testamento o Espírito era dado a conta-gotas, a uns poucos privilegiados, enquanto no Novo Testamento, este Espírito é derramado abundantemente sobre toda a carne. Não existem limites para a operação sobrenatural do Espírito Santo nos dias de hoje (Jo 14. 12).

3. Podemos pedir algum dom específico para Deus?

     Se é o Espírito Santo que reparte dons a cada um como quer e para o que for útil (1Co 12. 7, 11), temos o direito em opinar sobre qual dom o soberano Espírito poderá nos conceder? A resposta é SIM, como podemos deduzir de (1Co 14. 13). Além de pedir os dons que deseja, o crente também deve estar receptivo a ser usado pelos dons que Deus deseja concedê-lo.

4. Os dons só eram válidos para os tempos dos apóstolos?

     Alguns dizem que os dons eram necessários enquanto a igreja não estava bem edificada, ou seja, até a formação do cânon do Novo Testamento e a morte dos últimos apóstolos. Para isso se usam da passagem de 1Co 13. 8-12. Eles ressaltam que Paulo usou uma ilustração, afirmando que com o passar do tempo ele deixou as coisas próprias da idade infantil, pois assim ele escreve: “...eu falava...sentia...discorria como menino”. Reconhecemos ser esta uma ilustração usada pelo apóstolo para falar do seu amadurecimento espiritual, como também de todo o crente. Só que, contrário à interpretação dos teólogos cessacionistas, este trecho afirma que, enquanto existirem crentes necessitando de amadurecimento, os dons espirituais serão necessários e úteis. Mas, necessários até quando? Paulo responde: “até que venha o que é perfeito, e o que é em parte será aniquilado” (1Co 12. 10). A formação da frase grega ὅταν δὲ ἔλθῃ τὸ τέλειον (otan de elthe to teleion, literalmente, “quando vier o, τὸartigo definido acusativo neutro singular - é perfeito, τέλειον” – adjetivo acusativo neutro singular) pode referir-se à segunda vinda de Cristo, quando poderemos testemunhar “aquilo que é em parte ser aniquilado” (1Co 13. 10; 15. 19-28, 42-57) e conhecermos como também somos conhecidos (1Co 13. 12; 1Jo 3. 2, 3, 5).

     Outra indicação que os dons são atuais e que não cessaram é a leitura de Jl 2. 28-32. Note:

“E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar”.

     Joel disse que antes que venha o Dia do Senhor o Espírito Santo seria derramado, trazendo dons e a salvação dos perdidos. Isto significa que enquanto não chegar o grande e terrível Dia do Senhor (que se inaugura com a segunda vinda de Cristo e finaliza-se com o julgamento do Grande Trono Branco), os dons espirituais estarão ativos na vida do povo de Deus pois “vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões. Isto se dará antes do Dia do Senhor, que será marcado por“prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue”. Alguns abestados analfabíblias (desculpe minha falta de ética, é que isto me deixa nervoso!!!) contestam a esta interpretação, afirmando que esta profecia aplica-se apenas a Israel, quando toda a nação se converterá a Cristo (Zc 12. 10). Não foi bem isso que Pedro disse no dia de Pentecostes (At 2. 14-21). Pedro afirmou que esta promessa se cumpre em todos os chamados por Deus que crêem no Cristo glorificado e invocam seu nome (At 2. 32, 33, 38, 39). Aleluia!

     Outro argumento que comprova que os dons são para os tempos atuais é perguntarmos se a igreja não precisa mesmo mais ser edificada. Será que Deus anularia alguma coisa que foi tão benéfica para o crescimento da sua igreja no passado? Por que cancelar os dons hoje, no presente? Os dons são as melhores formas de se edificar a igreja de Cristo. Esta verdade é salientada pela grande comissão. O Senhor confirmaria a mensagem através de sinais e prodígios todos os dias, até a consumação dos séculos” (compare Mt 28. 19, 20 com Mc 16. 15-20; e veja At 4. 29-31). Enquanto houver a necessidade de pregar o evangelho, haverá a necessidade dos dons espirituais para se confirmar a mensagem e se combater as forças do mal.

5. O crente pode ser usado em mais de um dom?

     Sim. É o que mostra 1Co 14. 13

6. O que posso fazer para que Deus me use nos dons espirituais e como faço para conservá-los em minha vida?

     Releia as seções “Como Administrar os Dons” e “Como Despertar os Dons Espirituais na Própria Vida e na Vida da Igreja”

7. É verdade que, quando Deus usa alguém em um dom, esta pessoa perde a consciência ou suas faculdades mentais ficam anuladas?

      Não, pois 1Co 14. 32 afirma que os crentes podem se controlar. Se podem controlar-se é porque continuam tendo consciência do que estão fazendo. Leia o contexto deste versículo para saber mais.

8. Você está buscando algum dom espiritual? Qual?

Resposta pessoal.

9. Você já foi usado em algum dom espiritual? Como foi esta experiência?

Resposta pessoal.

10. É errado cobrar pelo trabalho exercido através de um dom que foi gratuitamente dado por Deus?

     A exploração é errada, seja praticada por quem for. Deus não usará ninguém que deseje lucrar financeiramente através dos dons espirituais (At 8. 18-23). Isto é uma prova que quem se exibe muito para depois pedir um valor alto em dinheiro não é verdadeiramente usado por Deus. No entanto, Deus não condena aquele que vive do evangelho. Ao mesmo tempo em que Cristo diz “de graça recebestes, de graça daí” (Mt 10. 8); também afirma que “digno é o obreiro do seu salário” (Mt 10. 10; Lc 10. 7). Paulo ressalta este princípio (1Co 9. 14; Gl 6. 6; 1Tm 5. 17, 18; 2Tm 2. 6). Apesar de muitas vezes Paulo abdicar deste direito (1Co 9. 11, 12, 15), a Bíblia também revela que ele recebeu ofertas (Fp 4. 10, 15, 16, 18, 25). A proibição não é de ganhar dinheiro, mas de explorar e aproveitar-se dos outros. Paulo era um exemplo de honestidade neste sentido (2Co 11. 9).

11. Por que “visões e sonhos” estão incluídos na lista das manifestações do Espírito em Joel 2. 28 e At 2. 17, mas não aparecem nas outras listas que mostram os dons espirituais, como 1Co 12. 8-10, 28; Ef 4. 11; e Rm 12. 6-8?

     “Sonhos e visões” são formas antigas de comunicação usadas por Deus (Nm 12. 6; Jó 33. 14, 15). Não precisam ser dons para serem usadas na época atual, já que se tratam de manifestações causadas pela própria iniciativa de Deus em querer revelar alguma coisa (Am 3. 7).

CONCLUSÃO

     Cada crente é útil para o corpo de Cristo, inclusive você (1Co 12. 7, 11; Ef 4. 7, 8; 1Pe 4. 10). Mas, antes de encerrarmos, permita-me lembrá-lo de algumas coisas importantes sobre os dons espirituais: (A) Alguns dons não influem no caráter moral da pessoa, por isso é necessário enfatizar na vida cristã a importância do fruto do Espírito (Gl 5. 22-24); (B) Alguns dons usam a personalidade do crente que os exibe, ampliando suas capacidades naturais sobrenaturalmente, semelhante ao caso de Êx 35. 30-35; 36. 1, 2. Outras vezes o Espírito capacita, dando uma habilidade que não aproveite previamente a capacidade humana; (C) Os dons fluem no crente que os executa alegremente, para o bem da igreja. Neste caso o crente usado nos dons deve considerar seu ministério um trabalho honroso que glorifique o nome de Deus e lhe dá a oportunidade de servir ao próximo; (D) Deus não obriga ninguém a executar algum dom. Sua força constrangedora é grande, porém, pode ser recusada e resistida. Quem resiste a esta compulsão deve lembrar-se que prestará contas por não ter desempenhado o papel que Deus desejou e ordenou (a história do profeta Jonas ilustra isso. Veja Jr 20. 9; Ez 3. 18, 20; Mq 3. 8).

     Esperamos que este estudo tenha servido para sua edificação, resolução das dúvidas e incentivo para buscar “abundar mais nos dons espírituais” (1Co 14. 12).

Amém! Toda glória seja dada ao Senhor!

Sempre a serviço dAquele que nos coroa com seus maravilhosos dons,

Pedro M. A. Júnior

OBRAS CONSULTADAS

ARRINGTON & STRONSTAD, Eds., Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento, CPAD.

DAVIDSON, Francis, Ed., Novo Comentário da Bíbia. Edições Vida Nova.

HORTON, Stanley M., Ed., Teologia Sistemática, uma perspectiva pentecostal, CPAD.

STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.

STRONG, Augustus Hophkins. Concordância Exaustiva do Novo Testamento Grego. Bíblia Online, Módulo Acadêmico, CD-ROM, SBB.

VINE. W. E., Dicionário Vine, o significado expositivo e exegético das palavras do Antigo e Novo Testamento, CPAD.


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Boa aula!

Pedro M. A. Júnior.

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