Dúvida bíblica: Qual a diferença entre alma e espírito?

    
     
     Existem intérpretes da Bíblia, geralmente heréticos, que entendem que a morte do corpo é a mesma morte da alma, pois o ser humano é chamado de “alma vivente”. Esta doutrina se chama “sono da alma” e é esposada pelos testemunhas de Jeová e adventistas, além de . Mas demonstraremos que a morte e a ressurreição provam que a alma é parte distinta do corpo e que continua a existir viva, mesmo depois da morte do corpo. Mostraremos também os vários sentidos que a Bíblia dá para a palavra “alma”.
     DEVEMOS ESTUDAR PRIMEIRO A MORTE E A RESSURREIÇÃO PARA SABER DIFERENCIAR A ALMA DO ESPÍRITO.
 
Na Bíblia existem três tipos de morte: 

(1) Morte física; 

(2) Morte espiritual; 

(3) Morte eterna. 

     Ø A morte física é retratada na Bíblia como uma das conseqüências do pecado (Gn 3. 19); e a universalidade da morte demonstra a universalidade do pecado (Rm 5. 12-14).

     Este tipo de morte afeta apenas a existência física (ou seja, o corpo) e não é a cessação ou extinção da existência espiritual ou da consciência (Hc 2. 5; Lc 16. 23, 25; 1Co 15. 52; Is 14. 9-11; Mt 22. 32; Mc 9. 43-48; Lc 16. 19-31; 2Co 5. 6-8; Fp 1. 21-23; Ap 6. 9-11). 

     Ø A morte espiritual é o estado de alienação de Deus (1Tm 5. 6). Quando Deus proibiu Adão de comer da árvore do fruto proibido, disse: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2. 17). Só que, quando Adão come do fruto com Eva, ele não morre imediatamente. Sua morte é relatada mais tarde, séculos depois, no capítulo 5. 4, 5. Isto mostra que Deus se enganou? Não! Adão morreu fisicamente no cap. 5 de Gn, mas espiritualmente no cap. 3, quando comeu do fruto ao desobedecer a Deus, perdendo sua comunhão (vida espiritual) e ficando alienado da presença santa de Deus (Gn 3. 6-12).

     A Bíblia mostra o pecador como alguém morto espiritualmente (Ef 2. 1-9). A pessoa pode estar viva fisicamente (exteriormente), mas estará morta espiritualmente (interiormente, por exemplo 1Tm 5. 6), porque está separada de Deus pelo pecado (Is 59. 2). 

     Ø A morte eterna é chamada na Bíblia como a “segunda morte”, cujo destino é o lago de fogo, que é quase sinônimo (Ap 20. 14). O castigo eterno dos ímpios será o fato de padecerem eternamente os sofrimentos no lago de fogo, onde receberão o castigo dos seus pecados (Jo 8. 21, 24). Que a segunda morte não é o sono da alma podemos ver claramente em Ap 19.20 comparando com Ap 20. 10. Note pelo contexto que existe um espaço de tempo entre Ap 19. 20 e 20. 10 de mil anos. Quando os mil anos se passaram (Ap 20. 7) o diabo foi lançado no lago de fogo onde a Besta (o anticristo) e o falso profeta já estavam lá há mil anos antes.

VÁRIOS SENTIDOS PARA A PALAVRA ALMA
 
     Existem heréticos que dizem que a palavra alma ou espírito quer dizer a própria pessoa e nunca se refira à alguma parte interior e imaterial que habita no íntimo do ser humano. No entanto alma tem vários significados, os quais são: 

Sangue: Isaías 53. 12; Lamentações 2. 12;

Vida: Gn 9. 4,5; Salmo 31:13Lc 12. 20; 23. 46;

Pessoa (Gênesis 14:21; Deuteronômio 10:22; Atos 27:37), 

cadáver (Números 9:6); 

Apetite, desejo, sentimento (Ec 6:7) ;

coração (Êxodo 23:9);

ser vivente, Ser vivo ou ser que vive (Apocalipse 16:3); 

como substituto para pronomes pessoais (Salmo 3:2; Mateus 26:38); ou com sendo a parte imaterial e interior, que evoca os sentimentos mais profundos: nestes versículos é dito que a alma ou espírito está DENTRO do corpo de quem fala. Veja Sl 42. 4, 6, 11; 43. 5; 94. 19; Is 26. 9; Lm 1. 20; 3. 20. 

COMO PODEMOS DESCREVER A MORTE E A RESSURREIÇÃO?
 
     Mostra-nos a Bíblia que o homem passou a ser “alma vivente” quando o fôlego (vida interior) lhe foi soprado por Deus em suas narinas (Gn 2. 7). Deus é o dono do ser humano. Foi Ele Quem o criou do pó da terra e Quem lhe deu vida ao sobrá-la em suas narinas. 

     A morte é um processo praticamente oposto. Na criação o homem foi feito do pó; na morte o corpo se desintegra e “volta ao pó”. Na criação o ser humano recebeu o sopro da vida de Deus e então passou a viver, quando o fôlego de vida se uniu ao seu corpo e fez o homem levantar-se. Na morte, pelo contrário, a vida (a parte imaterial, alma e espírito, também chamado de “fôlego de vida”) se separa do corpo e este passa a se decompor. 

     Se a morte é o processo inverso da vida, a ressurreição é o processo inverso da morte! Na morte a alma se separa, ou seja, sai do corpo; na ressurreição, a parte imaterial (alma e espírito) voltam ao corpo! 

     Vejamos as descrições da morte e ressurreição de alguns personagens:
Gênesis 35. 18 = “E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu nome Benoni; mas seu pai o chamou Benjamim”.
     No versículo acima nota-se claramente que a morte é a separação entre a alma e o corpo.
Lc 23. 46= “Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou (ou seja, morreu).
     É fácil entender que quando Jesus falou de seu espírito Ele referia-se a sua vida, pois isso ele mesmo explica em Jõao 10. 17. Ele entregaria sua vida (ou espírito, tanto faz) para depois “tornar a tomá-la”, ou seja, para ter a vida de volta, referindo-se claramente à ressurreição.
At 7. 59, 60= Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando, dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte”.
     Antes de morrer, Estevão encomenda sua alma nas mãos de Jesus, por isso é dito que ao morrer ele dorme, pois a morte para o salvo em Cristo é apenas um sono (Lc 8. 58; Jo 11. 11-14). Estevão morreu fisicamente tendo o seu corpo enterrado. Mas sua alma espera pela ressurreição, na presença de Cristo (2Co 5. 1-8). Para Estevão, era um sono, mas para Saulo, era morte. Depois de se converter, Paulo entendeu que a morte era não o fim, mas o começo da melhor parte para o salvo. 

     As passagens de 1Reis 17. 17-23 e Lucas 8.52-55 são parecidas em seu conteúdo e descrevem as ressurreições ali operadas como o espírito ou a alma voltando ao corpo. E o episódio de Atos 20. 9, 10 onde Paulo toma nos braços o jovem morto e fala aos presentes que sua alma já havia voltado ao corpo.

A CONSTITUIÇÃO DO HOMEM – MAIS DIFERENÇAS ENTRE A ALMA E O ESPÍRITO
 
A DICOTOMIA VERSUS TRICOTOMIA
 
     O debate teológico sobre a natureza humana tem girado em torno da dicotomia (corpo – que é a parte material; e alma – que é a parte não material, sem diferenciar a alma do espírito) e da tricotomia (a distinção entre espírito, alma e corpo). Defenderemos a posição tricotômica. 

     Vale lembrarmos que os presbiterianos tradicionais juntamente com certos ramos dos batistas crêem na interpretação dicotômica do homem, onde não há diferença entre alma e espírito. Tudo depende da interpetação. Com a natureza usada como critério, o homem é parte material (corpo) e parte não-material (espírito e alma sendo a mesma coisa), podendo assim ser considerado um ser dicotômico, isto é, um ser que se divide em duas partes, mas com relação à essência, entendemos que a alma tem uma essência distinta da essência do espírito, sendo, portanto, coisas diferentes. 

1. Espírito. Os teólogos dicótomos não diferenciam a alma do espírito, considerando que as duas sejam uma só parte essencial do ser humano. No entanto, entendemos que a Bíblia mostra certa diferença entre alma e espírito. Vejamos: 

(A) Se alma e espírito fossem a mesma coisa, não haveria diferença entre o ser humano e os animais irracionais. Ninguém nunca viu o mais inteligente chipanzé praticar o mínimo ato de adoração, bem como é sabido que um abismo de diferença separa a inteligência e consciência humana do instinto e intuição animal. Os animais têm alma, mas não espírito consciente, como no caso do homem. É o espírito que dá inteligência e consciência de Deus ao ser humano. 

(B) Os estudiosos tricótomos afirmam que, enquanto a alma se relaciona com o corpo através dos sentidos, de tal forma que pode representar o próprio indivíduo, o espírito se relaciona com Deus, dotando o homem de caráter racional e senso religioso, coisa que os animais não possuem. 

(C) Aparentemente alma e espírito são mencionados nas Escrituras como sendo sinônimas, mas esta impressão é apenas aparente, pois a Bíblia diferencia alma do espírito. 

     É o caso do que Jesus disse em Jo 10. 11 que dá sua vida (grego: psyquê, traduzido literalmente como “alma”) pelas suas ovelhas, ou seja sua vida fica no lugar de suas ovelhas, é dada em lugar da de suas ovelhas, enquanto que em Lc 23. 46, Jesus brada da cruz, entregando nas mãos do Pai o seu espírito (do grego pneuma). Note a diferença: se a alma fica pelas ovelhas no lugar das ovelhas e o espírito é dado ao Pai como podem ser a mesma coisa? Como se explica uma mesma coisa com destinos diferentes? 

     Quando alma e espírito são mencionados juntos ou como se fossem sinônimos, é porque se quer falar da parte imaterial do homem, o “homem interior” (Rm 7. 22; Ef 3. 16), que se refere à parte não-material, que se divide em alma e espírito. 

     Alguém pode perguntar: “Mas, quando alguém morre, o que é que vai para o céu, é sua alma ou seu espírito?” Se prestarmos atenção ao que diz no texto de Eclesiastes 12. 7, veremos que o que vai para o céu é a parte não-material (a alma e o espírito), enquanto que a parte material (ou seja, o corpo) é sepultada, pois assim diz claramente o texto bíblico: “e o pó (ou seja, a parte material, que é o corpo, feito do pó da terra) volte à terra, como o era, e o espírito (fala da parte espiritual, que se divide em alma e espírito, a qual Deus soprou nas narinas do homem, outorgando-lhe o fôlego de vida) volte a Deus, que o deu. Não devemos pensar por este versículo que todos os que morrem vão morar no céu, já que na morte é dito que a alma, a vida espiritual, volta a Deus, que a deu. Todos os que morrem vão a Deus sim, uns para receber a salvação e outros para serem castigados pela eterna perdição. 

     Na Bíblia temos exemplos onde se diz que no céu exstem tanto ALMAS como ESPÍRITOS, referindo-se aos que já estão no céu. Veja e compare 1Pe 4. 6; Hb 12. 23; Ap 6. 9; 20. 4. 

     É como se pegássemos um copo de vidro e nele colocássemos um pouco de óleo e depois um pouco de água. Tanto a água como o óleo são líquidos, não é mesmo? Então o copo seria dicótomo: a parte material seria o vidro de que é feito o copo, e a outra parte seria a parte não sólida, ou seja, a parte líquida, que é o conteúdo do copo. 

     Mas se olharmos bem, notaremos que a água não se mistura com o óleo. Eles podem ter a mesma natureza (pois ambos estão no estado líquido) mas não têm a mesma essência, já que água e óleo não se misturam. Assim se dá com a alma e o espírito, que possuem a mesma natureza não material, e no entanto, se distinguem por possuírem essências diferentes. 

     Ainda vemos a diferença entre alma e espírito nas passagens de Jó 12. 10; 27. 3; 34. 14, 15 que são aqui usadas como “sinômimos”, mas isto se dá pelo fato de que na morte, a parte material (o corpo) se separa da parte imaterial (alma e espírito) do homem. Estando alma e espírito separados do corpo, que é a parte material, não se separam a alma do espírito, por serem da mesma natureza espiritual, mesmo de essências diferentes, que somente Deus e sua Palavra pode discernir (Jr 17. 10; 1Ts 5. 23; Hb 4. 12), é por isso que são sempre mencionadas juntas, para ressaltar a parte racional e religiosa do ser humano, que é de natureza sentimental e imaterial (Gn 6. 17; Sl 104. 29; Sl 146. 4; Is 26. 9). 

     Temos também o texto de Hb 4. 12, que diz que a alma e o espírito são divididos (ou separados, no grego literal), sendo assim feito o discernimento entre “pensamentos e intenções do coração” que são atribuições da parte espiritual humana, como vemos também em Mt 22. 37. Uma indicação clara de que alma e espírito são constituintes diferentes de uma mesma natureza imaterial, formando o homem. 

2. Alma. Diz a Bíblia, que o homem foi feito “alma vivente” (Gn 2. 7). Dizem os dicotomistas e algumas seitas que o próprio ser humano é uma alma, mas isso é um erro, pelo fato de que, quando nos referimos a “homem”, temos a idéia de um ser humano integral constituído de corpo material, além da alma, pensamento que não fica muito bem definido se chamarmos o homem de “alma”, visto que “alma” é apenas uma parte que o homem possui, sendo ela de natureza imaterial. O homem pode ser chamado de “alma”, mas não é somente alma (pois tem também um corpo material). Quando a Bíblia o chama de “alma vivente” quer dizer que o homem passou a viver quando Deus soprou vida em suas narinas. Ele então passou a ser um “ser vivente”. 

3. Corpo. 1Co 15. 39 diz que “Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, e outra, a carne dos animais, e outra, a dos peixes, e outra, a das aves”. Uma prova científica de que os seres vivos não se derivaram de outras formas de vida menos complexas, pois se não fosse assim, seria mostrado que todas as diferentes espécies teriam o mesmo tipo de constituição física, isto é, o mesmo tipo de “carne”. Isto corresponde com o que diz Gn 1. 20-26, que cada ser vivo foi criado já com suas diferenças básicas por ter cada um ter sido criado “segundo a sua espécie”. 

     Diz-nos a Bíblia que o homem foi feito do pó da terra (Gn 2. 7). Em abril de 1985, a professora Leyla Coyne, pesquisadora da NASA (Agência Espacial dos Estados Unidos) e docente da Universidade de San Joseph, na Califórnia, surpreendeu o mundo científico com a afirmação de que a vida humana na Terra começou em estratos de uma argila muito fina e branca, o caulim, usado na indústria como branqueador e papel e isolante térmico. ‘Avançamos muito nesse terreno’, disse a pesquisadora. ‘Falta-nos a prova definitiva mas já conseguimos o bastante para sabermos que estamos no caminho certo’, acrescentou a doutora Coyne. ‘Se tivesse de apostar numa resposta, ficaria com a teoria da argila’, escreveu o astrônomo americano Carl Sagan, autor do Best-seller Cosmos. ‘A argila pode ser comparada à uma fábrica de vida’ , acrescentou em Glasgow, na Escócia, o bioquímico Graham Cairns-Smith. Esta citação é extraída da revista Veja. Editora Abril, maio de 1986, e está no livro “As Grandes Doutrinas da Bíblia”, de Raimundo Ferreira de Oliveira, pág. 155, CPAD). O mesmo livro traz o seguinte informe, na página 158: “Um homem pesando cerca de 76 quilos é constituído de 44 quilos de oxigênio, 7 de hidrogênio, 173 gramas de azoto, 600 gramas de cloro, 100 gramas de enxofre, o suficiente para matar as pulgas de três cães de tamanho médio; 1.700 gramas de cálcio, 800 gramas de potássio, 50 gramas de ferro, o suficiente para fazer 5 pregos travessais; gordura suficiente para 7 barras de sabão, açúcar suficiente para 7 xícaras de chá, fósforo o suficiente para fazer 2.000 palitos, magnésio suficiente para uma dose de sais e cal o suficiente para pintar 20 metros de parede”. Em outras palavras, o homem foi mesmo tirado do pó da terra, visto que sua composição física revela 13 dos elementos encontrados na tabela periódica, sendo 8 sólidos e 5 gasosos. 

     E sobre a origem da alma, você já estudou sobre este assunto? Aprofunde-se mais sobre isso clicando aqui.
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Pedro M. A. Júnior.

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