EBD: Lição 11 – O Primeiro Concílio da Igreja de Cristo (13 de março de 2011)

Concílio

TEXTO ÁUREO: Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue […] e das relações sexuais ilícitas[…]” (Atos 15. 28, 29 - ARA)


VERDADE PRÁTICA: O objetivo de um concílio eclesiástico, convocado sob orientação divina, é preservar a unidade no Espírito Santo e conservar a sã doutrina.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: At 15. 6-12

     O crescimento da igreja primitiva trouxe a expansão da variedade das culturas e diversidade de pensamentos em seu seio. Desde o dia de Pentecostes, onde judeus de todas as nações fora de Israel estavam presentes e ouviram o discurso de Pedro (At 2), até a conversão da família de Cornélio (At 10), vemos um acréscimo de pessoas gentílicas na igreja do Senhor. Estas pessoas vieram direto do paganismo ou do judaísmo e, por isso, pode-se perceber a origem da controvérsia legalista registrada no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos.

     Esta controvérsia deveu-se à parte judaica dos conversos que vinham do farisaísmo. Estes judeus, zelosos à Lei mosaica como eram, exigiam dos crentes gentios que se circuncidassem e guardassem a Lei de Moisés (At 15. 1).

     O primeiro atrito entre estas duas culturas (judaica e gentílica) na igreja deu-se quando as viúvas gregas (gentias) não estavam sendo assistidas em suas necessidades e os crentes helênicos (gentios) reclamaram desse “descuido”, fato que fez com que fosse criado o cargo de diácono, como se vê no capítulo 6 de Atos.

     Este Concílio em questão foi proposto para resolver o dilema entre a justificação pelas obras da Lei ou a salvação apenas pela fé. Os judeus legalistas afirmavam que sem guardar a Lei de Moisés e sem se circuncidar, ninguém, nem mesmo os gentios poderiam ser salvos. No entanto o poder de Deus desceu na casa de Cornélio, batizando-os com fogo, sem eles serem praticantes da Lei mosaica ou circuncidados. A única coisa que Cornélio praticava era a oração, jejum e a ajuda aos pobres (At 10. 1, 2).

     Sendo que a salvação veio aos gentios de maneira gratuita, sem a guarda da Lei, seria que isso anulava a Lei? Os gentios não precisariam guardar Lei nenhuma? E os judeus que guardavam a Lei, não precisariam guardar nada mais? Isso na verdade trouxe outra questão maior: Qual a maneira de ser verdadeiramente salvo? Daí a importância do Concílio de Jerusalém. A justificação deveria ficar bem definida para que o evangelho não perdesse seu poder libertador e transformador (Rm 1. 16, 17).

     Nesta lição veremos a verdade do evangelho preservada pela direção do Espírito Santo que impulsionou as decisões tomadas no Concílio de Jerusalém.

     A justificação pela fé depende das obras da Lei? No concílio de Jerusalém vemos em ação a direção do Espírito Santo e a aplicação das Escrituras na preservação da harmonia das Escrituras e na defesa da graça salvadora de Cristo.

I. O QUE É UM CONCÍLIO

    Algumas pessoas diferem o Concílio do Sínodo. No entanto os dois são praticamente sinônimos. Ambos são reuniões eclesiásticas que tratam da doutrina. Uns diferem um do outro afirmando que Concílio é uma palavra usada para reuniões católicas, enquanto que o Sínodo aplica-se para reuniões protestantes. No entanto, esta “diferença” certamente não existia no tempo dos apóstolos.

   1. Definição. O Concílio é uma reunião eclesiástica convocada pela autoridade religiosa com o objetivo de debater e decidir temas controversos que envolvam doutrina, liderança, disciplina, usos e costumes, planos de ação missionária e outros assuntos do gênero. A palavra na sua etimologia significa associação, assembléia, ajuntamento.

   2. Os concílios no Antigo Testamento. No Antigo Testamento houve muitas reuniões do povo de Israel para ouvir a doutrina mas não tanto para debater sobre ela. Por isso na nossa humilde opinião, não podemos dizer que no Antigo Testamento houve algum concílio eclesiástico, mesmo porque quando se fala de algo “eclesiástico”, nos referimos aos tempos da igreja, que só foi fundada na época de Cristo e dos apóstolos, ou seja, no tempo de Novo Testamento, e não queremos cometer o que na nossa opinião é um anacronismo, aplicando aos tempos do Antigo Testamento algo que só passou a existir no Novo Testamento .

     Quando os reis e os profetas de Israel convocavam o povo, essa reunião era sobre questões políticas (quando convocados por reis) ou sobre reformas religiosas onde o povo ouvia as advertências da Lei (quando eram os profetas que se colocavam a proclamar sua mensagem na porta da cidade, no meio do povo). Não há um único exemplo no Antigo Testamento de uma reunião Israelita em que possamos chamar de “concílio”, pois que não se conforma ao padrão mostrado no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos. Para que alguma reunião de Israelitas no Antigo Testamento pudesse ser parecida com um concílio, deveria ser dirigida e convocada pelo sumo sacerdote e debater sobre uma questão controversa sobre a lei de Moisés, o que nunca aconteceu na história registrada no Antigo Testamento, pelo que sabemos. Nenhuma reunião no Antigo testamento debateu sobre divisões doutrinárias.

   3. Os concílios em o Novo Testamento. Aqui está a parte onde temos que tomar muito cuidado e ter atenção para não misturar as coisas. Como o autor desta lição que estamos a comentar frisa, os apóstolos reuniram-se três vezes para decidir sobre pendências na Igreja cristã: A primeira para eleger Matias para substituir Judas (1. 12-26); a segunda reunião foi para instituir o diaconato (6. 1-15), e a terceira reunião (que é chamada de Concílio) foi para debater e decidir sobre as imposições da lei que deveriam ou não serem impostas sobre os convertidos de procedência gentílica (15. 6-30). As três reuniões têm caráter de Concílio, no entanto somente a terceira reunião listada pelo autor é que foi chamada realmente de “Concílio de Jerusalém”. Por que? Porque apenas essa tratou de uma polêmica doutrinária e foi importante como o primeiro debate para resolver um disparate que poderia manchar hereticamente a pureza do evangelho e da graça de Cristo.

PARE E PENSE: Foi verificada no meio da igreja primitiva uma disputa dos judeus convertidos a Cristo que queriam guardar a lei de Moisés e impunham isso aos crentes gentios como base da salvação. A questão foi resolvida quando foi estabelecido o Concílio de Jerusalém. A questão foi decidida com uma frase muito importante de Pedro, que afirmava que os judeus, que não guardavam a Lei, queriam obrigar os gentios a guardar a mesma lei que eles desobedeciam, como podemos ver em At 15. 10: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos (gentios) um jugo que nem nossos pais nem nós (judeus) pudemos suportar”. Você, como os judeus legalistas, costuma também cobrar para os outros aquilo que você não pratica?

II. A IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM

     Os judeus que queriam continuar a guardar a lei tinham o objetivo de judaizar os convertidos de origem pagã e isso poderia prejudicar a pureza do evangelho e do poder justificador da graça de Cristo. Paulo, um ex-fariseu, sabia que a salvação não dependia da guarda da Lei mosaica e ensinou isso em suas epístolas, principalmente em Romanos (2. 12-25; 3. 19, 20, 21, 27, 28; 31; 6. 14-15; 7. 1-7; 8. 1-4; 9. 31, 32; 10. 4; 13. 10) e em Gálatas (1. 11-15; 2. 16, 19, 21; 3. 2, 5, 10-18; 21, 23-25; 4. 4, 5; 5. 3, 4, 18).

     Antes da convocação do Concílio, Pedro encontrou-se com Paulo quando veio a Antioquia, que era o centro da polêmica, de acordo com At 14. 26-28; 15. 1. De acordo com estes textos anteriormente citados, os legalistas desceram da Judéia até a região de Antioquia ensinando que a salvação vem através da fé em Cristo mas também da guarda da Lei. Pedro chegou  e estava comendo com os gentios, até chegarem pessoas representantes do legalismo, o que fez Pedro se afastar dos gentios, como que se os temesse e não tivesse certeza da doutrina do evangelho da graça de Cristo. Foi esse tipo de atitude de Pedro que fez com que Paulo o repreendesse, o que podemos ver em Gl 2. 11-21. Foi esta repreensão de Paulo a Pedro que confirmou a autoridade apostólica de Paulo e fez Pedro entender plenamente a verdade do evangelho e pronunciar o discurso que vemos em At 15. 7-12.

   1. Convocação. A convocação do Concílio deveu-se a discussão de Paulo e Barnabé com os crentes do partido legalista. Ficou resolvido que Paulo e Barnabé iriam de Antioquia para Jerusalém para decidirem a questão, entre os apóstolos considerados “os colunas” (Gl 2. 9) sobre esta questão que também já existia na Judéia, e estava gerando “grande contenda” (At 15. 2, 7).

   2. Presidência. Mesmo Pedro tendo tido grande participação nos debates do Concílio, a ultima palavra foi dada por Tiago como vemos em At 15. 13 em diante. E o próprio autor desta lição declara quando diz que o pronunciamento de Tiago foi “decisivo”no quarto item deste tópico. Este autor que vos escreve não concorda que Pedro tenha presidido este concílio. Desculpe CPAD, desculpe Antônio Gilberto.

   3. Debates. Os acalorados debates entre o partido da graça versus o partido dos legalistas judaizantes até hoje continuam. De um lado os sabatistas, que apesar de não se circuncidarem, ainda assim mesmo igualmente ordenam a guarda da Lei e consequentemente desvalorizam a graça. Do outro lado, o partido dos que, pela é de Abraão, alcançam a justiça, sem as obras da Lei. Estes dois partidos até hoje disputam o método de alcançar a salvação que melhor lhes apraz.

         Para esses que ainda teimam em querer impor a Lei de Moisés para os que estão debaixo da graça de Cristo fica a frase atemporal do apóstolo Pedro: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar” (At 15. 10). Esta frase tem sua paralela em Mt 23. 1-4. e em At 10. 43; 13. 39.

   4. O pronunciamento decisivo de Tiago. Tiago, dirigido pelo Espírito Santo, destaca certos princípios que deveriam ser guardados pelos crentes gentios apenas para que suas relações com os crentes judeus pudessem ser mantidas em harmonia. E estes princípios até hoje são passíveis de nossa obediência. Estes princípios estão registrados em At 15. 19, 20 e na carta escrita pelos apóstolos em At 15. 23-29, que estudaremos no próximo tópico da nossa lição.

PARE E PENSE: A solução dos seus debates e a resposta às suas dúvidas está onde? Na força da lógica? Na eloquência dos argumentos filosóficos humanos? Somente pelo poder do Espírito e pela verdade das Escrituras podemos conhecer a direção e a vontade de Deus.

III. A CARTA DE JERUSALÉM

     O conteúdo desta carta, que está em At 15. 23-29, refere-se à decisão do Concílio de Jerusalém sobre a questão, e foi entregue nas igrejas na região da Antioquia, Síria e Silícia (At 15. 23, 30, 41). O seu conteúdo tratava:

   1. Da salvação pela graça. Pedro defendeu a graça de Cristo (At 15. 11). Posição que também concorda com a de Paulo. Nem mesmo os judeus precisam guardar a Lei de Moisés (Rm 4. 14, 16; Gl 3. 22-29).

   2. Da comida sacrificada aos ídolos. Se os crentes gentios se esquivassem das carnes sacrificadas ao ídolos não iriam servir de escândalo para os judeus. E não iriam incorrem em pecado de idolatria (Rm 14. 2, 21).

   3. Da ingestão de sangue e de carne sufocada. Ainda hoje em rituais satanistas e espíritas, o sangue de animais e de aves é derramado sobre coisas ou pessoas ou até mesmo bebido. O mandamento não proíbe a transfusão de sangue, mas sim a sua ingestão, o que não é a mesma coisa (Gn 9. 4; Dt 12. 23; 15. 23). Hoje é o sangue de Cristo que efetuou eterno sacrifício em nossas vidas (Hb 9. 14; 1Jo 1. 7).

   4. Das relações sexuais ilícitas. Muitos dos pagãos em sua adoração idólatra praticavam a adoração aos deuses da fertilidade e promoviam bacanais onde se realizava o que se chama de prostituição cultual. Em nossa cultura atual muitos ainda adoram o deus da pornografia e do adultério (1Co 6. 9, 10).

PARE E PENSE: As igrejas foram apaziguadas com a decisão do Concílio de Jerusalém. A carta foi obedecida pelos que realmente temiam a Deus e queriam obedecer Sua direção. E você obedece à Palavra Santa de Deus na Bíblia, ou está esperando Deus escrever uma carta específica para você obedecer?

CONCLUSÃO

     A graça de Cristo é inegociável. Deus nos libertou do peso da Lei (Gl 5. 1, 13). Permitamos que Cristo tire o fardo do nosso pecado, que é condenado pela Lei (Rm 7) e coloque sobre nós o fardo leve da sua graça (Rm 8).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1. Como você se sente sabendo que somente pela obediência da fé você pode ser salvo?

2. Alguma vez algum irmão legalista quis impor a você os ditames da sua denominação? Como você reagiu?

3. Na sua opinião, por que em Cristo as pessoas não precisam mais se circuncidar, guardar o sábado e outras coisas do tipo?

4. Qual a importância teve para a atual igreja o concílio de Jerusalém?

5. Qual o valor da graça de Cristo para a sua vida? Isto significa que você não precisa guardar nenhum mandamento.

CURIOSIDADES

     Você sabe dos outros concílios da história da igreja? Veja um resumo clicando aqui.

     Você sabia que os estudiosos judeus estão propondo um novo concílio de Jerusalém? Clique aqui.

     Você sabia que concílio também pode ser chamada de “convenção”? Você está por dentro do próximo concílio da Assembleia de Deus? Veja o texto abaixo, tirado do site Auxílio ao Mestre:

     As Assembléias de Deus no Brasil ligadas à CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, criada em 1930. A CGADB é membro da Associação Mundial da Assembleia de Deus), seu órgão máximo, se reúne a cada dois anos em Concílios ordinários, para estabelecer estratégias de crescimento. Nos mesmos moldes do Concílio de Jerusalém, nossas lideranças sempre dirigidas pelo Espírito Santo, tomam as decisões necessárias para que a Igreja do Senhor alcance os objetivos propostos. Como houve desde o princípio, quando se reúnem, nossos lideres se deparam com assuntos polêmicos e questões sobre usos e costumes, que às vezes, sequer aparecem no texto sagrado, e são apregoados como condição para a salvação. Viver os bons costumes não é condição para salvação, mas sim fruto da salvação. Nossas lideranças são alvo de nossas orações, para o bem da obra do Senhor, nessa próxima convenção, a 40ª AGO - Assembléia Geral Ordinária, que ocorrerá de 12 a 14 de abril de 2011, no Templo Central da Assembléia de Deus de Cuiabá (Grande Templo), a fim de deliberarem sobre o seguinte temário:

     1 – Posicionamento da CGADB quanto à nulidade ou anulabilidade do casamento, união estável e concubinato, e a revisão do posicionamento acerca do divórcio, com leitura de parecer elaborado pela Comissão Especial designada na última Assembléia Geral Ordinária;

     2 – Ênfase aos princípios pentecostais, face à celebração do Centenário das Assembléias de Deus.

     3 – Perigos que ameaçam as Assembléias de Deus no Brasil:

a) Mornidão;

b) Modismos neo-pentecostais;

c) Remoção dos marcos antigos;

d) Omissão dos valores eclesiásticos.

     4 – Homologação de Convenções afiliadas e/ou julgamentos de recursos;

     5 – Apreciar e deliberar sobre relatórios da Mesa Diretora e do Conselho Fiscal, relativos ao período do mandato, conforme disposto no Art. 8º - III, do Regimento Interno.

ORAÇÃO

     Senhor, tua graça é infinita, e eu te agradeço por ela. Faz-me com que eu possa te obedecer e cumprir tua vontade. Que teu Espírito sempre me lembre que eu estou debaixo da graça e que tenho de obedecer à Lei da Liberdade. Em Cristo Jesus, amém.


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Boa aula!

Pedro M. A. Júnior.

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