EBD: Lição 4 – O Poder irresistível da Comunhão na Igreja (23 de Janeiro de 2011)

TEXTO ÁUREO: Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito [..]” (Ef 4. 3, 4).


VERDADE PRÁTICA: A igreja é caracterizada pela comunhão que mantém com o Senhor Jesus Cristo e pela unidade espiritual de seus membros.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 2. 40-47

     As Escrituras definem a igreja como uma união de diversos povos em torno de um só governante (Rm 3. 29, 30; 10. 12, 13; Gl 3. 28; 5. 6; Ef 3. 5-10), que desfez todas as diferenças e destes povos diferentes criou um só povo unido, homogêneo, pela fé no evangelho (Ef 2. 11-21). A união destes povos em torno do senhorio de Cristo dá existência à igreja, que é a união dos salvos  em Cristo separados de todas as nações, línguas e culturas (1Co 10. 32; Cl 3. 11).

     A igreja, biblicamente falando é comparada a um corpo (Rm 12. 5; 1Co 12. 27), a uma lavoura e edifício (1Co 3. 9), e dentre tantos títulos, é chamada de “família de Deus” (Ef 2. 19). Cada uma destas comparações ilustra e destaca o aspecto da união, o caráter corporativo e o lado orgânico da igreja, debaixo de um só alicerce: A obra da redenção. É a pluralidade na unidade.

     O centro da comunhão eclesiástica fundamenta-se no amor  recíproco entre os membros da igreja (Jo 13. 34, 35); amor este originado em Deus (1Jo 4. 8, 16) e também a Ele direcionado (1Jo 4. 19). A Bíblia chama isso de “vinculo da perfeição” (Cl 3. 14), e “unidade do Espírito” e “vinculo da paz”, em Ef 4. 3. Também mostra-nos a Santa Escritura que a comunhão da igreja baseia-se no verdadeiro conhecimento de Deus (Cl 2. 2).

     Que este estudo possa nos direcionar a uma maior participação (gr. κοινωνια koinonia, lit. “comunhão”) com Deus e com o próximo e nos estimule a nos conhecermos melhor, para convivermos melhor.

     A comunhão é a força da igreja. É a característica mais marcante que uma igreja pode ter que chame a atenção dos descrentes, ou seja, dos não-evangélicos, pois o livro de Atos dos apóstolos afirma que quanto mais a igreja era unida e compartilhava coisas em comum (At 2. 42, 44, 46), tanto mais ela louvava a Deus e estava “caindo na graça do povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (v. 47).

     Vejamos alguns detalhes referentes a essa comunhão.

I.  A COMUNHÃO DOS SANTOS

     Já dizia Ronald J. Sider: “Para os primeiros cristãos,  koinonia não era a "comunhão" enfeitada de passeios quinzenais patrocinados pela igreja. Não era chá, biscoitos e conversas sofisticadas no salão social depois do sermão. Era um compartilhar  incondicional de suas vidas com os outros membros do corpo de Cristo”.

     Muito do caráter bíblico da comunhão santa em Cristo tem se perdido com o tempo, pois o mundanismo e o relativismo moral têm trazido à muitos uma letargia espiritual que lhes impede de se desenvolverem, ao firmar sua comunhão com Deus e com o próximo. Nos tempos de hoje têm-se até confundido comunhão com ecumenismo!

     Vejamos aqui, segundo a Bíblia algumas definições da palavra “comunhão”.

   1. O que é a comunhão. Muitas são as traduções da palavra grega κοινωνια (koinonia, lit. “comunhão”). A raiz dessa palavra grega é κοινος (koinos, lit. “aquilo que é comum”, “de todos”), é daí que vem a designação do grego koinê, conhecido como o grego comum, falado pelo povo  humilde da época de Jesus. Koinonia tem o sentido de partilha, participação, ter algo em comum.

   2. A unidade do corpo de Cristo. A união espiritual entre os salvos é tão fortemente retratada na Bíblia que a igreja é apresentada como sendo o “corpo de Cristo”. A comunhão faz a igreja ser a representante de Cristo aqui na Terra. Sua união é homogênea e orgânica, por isso não é permitido o pecado na igreja, pois isso nos afasta da identificação com Cristo e enfraquece a comunhão (1Jo 1. 3-9).

     Não venhamos confundir aqui a união dos crentes em Cristo com a comemoração da Ceia do Senhor, que em muitos lugares também é chamada de “comunhão”. Só participa da ceia quem está em comunhão, mas a comunhão não envolve apenas a participação da Santa Ceia.

     Nos versículos acima que nós vimos, em Cl 3. 14, a frase συνδεσμος της τελειοτητος (sundesmos tes teleiotetos) traduzida como “vinculo da perfeição” pode ser entendida como “aquilo que une tudo perfeitamente”, ou “a união daquilo que é perfeito, completo”, e em Ef 4. 3, a frase “unidade do Espírito” (Gr. ενοτητα του πνευματος, henoteta tou pneumatos) e “vinculo da paz”, (Gr. συνδεσμω της ειρηνης, sundesmo tes eirenes), dá a entender que o Espírito Santo, que testifica em nosso espírito que somos filhos de Deus, é a marca dessa comunhão. Ele gera paz e unidade entre os que seguem a Cristo. O objetivo dEle é usar essa unidade para fazer-nos parecidos com Cristo (Ef 4. 13).

   3. A comunhão da igreja agrada a Deus. Já que a comunhão espiritual é compartilhar de Cristo e ser dEle, e pertencer a Ele (Mt 12. 48-50), não seria difícil crer que em Cristo se encontre a porta de acesso à comunhão com Deus (Jo 10. 9; 14. 6; Rm 5. 3; Ef 3. 12).  pecado separou o homem de Deus, mas a graça de Cristo os reaproximou (1Tm 2. 5). Diz a Bíblia que agradou a Deus que toda a plenitude da divindade habitasse em Cristo (Cl 1. 19; 2. 9), pois é através dele que temos a plenitude de Deus (Jo 1. 16) e desfrutamos de sua natureza divina (2Pe 1. 4). Isso é comunhão, um compartilhar de essências, de objetivos, de sentimentos. Essa comunhão agrada a Deus (Sl 133. 1). Deus se agrada com a mútua consideração (1Jo 4. 20), isso é sinal de amor e de obediência (1Jo 3. 23; 4. 21).

PARE E PENSE: Até que ponto você consegue desfrutar da comunhão com Deus? Você acha que existe algum limite para compartilhar sua vida com Deus? Deus deu a vida de seu Filho por você, para te trazer de volta à comunhão. Você deve valorizar isso e não se afastar de novo, perdendo a comunhão com Deus.

II. A COMUNHÃO CRISTÃ CARACTERIZA-SE PELA UNIDADE

     Você, leitor, deve ter notado que em Cl 3. 14 e em Ef 4. 3 a repetição da palavra grega συνδεσμος (sundesmos), traduzida como “vínculo” em Cl 3. 14 e por “unidade” em Ef 4. 3. Esta palavra grega é um termo médico usado para se referir aos ligamentos que unem os músculos aos ossos, o que chamamos de tendões. Assim é a unidade da igreja, uma união forte. Esta força se manifesta nas seguintes áreas:

   1. Unidade doutrinária. Os crentes da Assembléia de Deus não são ensinados a terem amizade apenas com quem é da mesma denominação ou apenas com quem é crente (Mt 5. 47), mas a se precaverem contra os hereges (Tt 3. 10) e a não se deixarem influenciar pelos maus (Sl 1. 1-3; Ef 5. 11). Não podemos confundir unidade doutrinária com ecumenismo (Gl 1. 8, 9; Hb 12. 14).

   2. Unidade na própria comunhão. A comunhão dos santos entre si é mostrada em várias referências bíblicas que será bom estudá-las detidamente. Vejamos: Sl 119. 63; 133. 1; Am 3. 3; Jo 17. 20, 21; Rm 12. 15; 1Co 10. 16, 17; 12. 12, 13; 2Co 6. 14-18; Ef 4. 1-3; 1Ts 5. 11; Hb 3. 13; 10. 24, 25; 1Jo 1. 3, 7.

   3. Unidade no partir do pão. A palavra koinonia também é usada para se referir à Ceia do Senhor, pois, segundo A. T. Robertson, em seu comentário, a palavra κοινωνια “é forma de uma raiz antiga de κοινωνος (ser sócio, compartilhar e participar junto de um interesse comum) e de κοινος (ser comum a todos, relacionado, associado, compartilhado). Esta associação envolve participação e refere-se à participação comum dos salvos aos benefícios redentores do sangue de Cristo, na cooperação conjunta no trabalho do evangelho e na contribuição para suprir as necessidades dos santos (2Co 8:4; 2Co 9:13). Daí há diversidade larga de opinião sobre o sentido exato de κοινωνια neste verso de At 2. 42. Isto pode referir-se à distribuição de fundos no verso 44 ou a unidade de espírito na comunidade dos crentes ou a Ceia do Senhor (como em 1Co 10. 16)no sentido de comunhão ou amizade na refeição comum no banquete do αγαπαε (amor) 1Co 11. 20-34; 2Pe 2. 13; Jd 12” (com adaptações do autor deste blog).

   4. Unidade nas orações. Jesus disse que o que a igreja concordasse na terra Ele confirmaria no céu, contando que suas orações fossem feitas priorizando a vontade do Pai (Mt 18. 18; Jo 9. 31; 1Jo 3. 22; 5. 13). Sempre que a igreja ora unida, segundo a vontade de Deus poderemos afirmar que “a oração do justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5. 16).

PARE E PENSE: Você já imaginou o que uma igreja unida é capaz de fazer na obra de Deus? Sem impedimento a igreja avança como um exército coeso, harmônico e preparado para enfrentar o mal e difundir o evangelho aos quatro cantos da Terra. Sempre que a igreja esteve unida milagres aconteceram (At 2. 42, 43, 46; 4. 31; 12. 5, 7).

III.  OS FRUTOS DA COMUNHÃO CRISTÃ

     Vejamos alguns dos resultados da comunhão cristã:

   1. Temor a Deus. O temor a Deus refere-se à sinceridade no servi-lO, pois a comunhão com Deus só é obtida por quem lhe é fiel, se afastando do pecado e O ama (Is 59. 2; Jo 14. 23).

   2. , Sinais e maravilhas. Este era o resultado da comunhão dos seguidores de Cristo, o que aumentava mais seu testemunho e confirmava sua pregação (At 5. 12, ver Mc 16. 17), pois todos viam que sua união e alegria vinham de Deus (At 13. 52) e se sentiam atraídos por isso (At 2. 47).

   3. Assistência social. A igreja ajudava seus próprios membros carentes, como demonstração natural de amor (Tg 1Jo). Atos mostra que isso era levado à sério na igreja primitiva (At 4. 32; 6. 1-3) e nas epístolas (2Co 9. 12-15; Gl 2. 10; Hb 13. 16; Tg 2. 15, 16; 1Jo 3. 17, 18).

   4. Crescimento. At 6. 7; 13. 24; 19. 20 atestam o crescimento rápido da igreja. Num só dia quase três mil foram adicionados à fé e comunhão com Deus (At 2. 41), e depois disso ela continuou a crescer em número. Mas não podemos apenas lembrar que o crescimento da igreja também deve ser em qualidade (Pv 4. 18; 2Co 3. 18; 1Ts 4. 1; 1Tm 4. 15).

   5. Adoração. A “alegria e singeleza de coração” (v. 46) dos crentes da igreja primitiva tinha como resultado que eles viviam uma vida “louvando a Deus” (v. 47). Durante os cultos de adoração os incrédulos devem confessar que Deus está no meio da igreja (Sl 22. 3; Mt 18. 20; 1Co 14. 24-26).

CONCLUSÃO

     O salmista (Sl 133. 1-3) comparou a comunhão entre os irmãos com numa reunião de uma festa onde um banquete é servido, mas antes, o hospedeiro derrama o mais puro óleo sobre os convidados, como sinal de sua amizade e apreço. O óleo do Espírito Santo está sobre a igreja unida. O óleo da unção da consagração de Arão como sacerdote hoje representa o Espírito Santo que nos unge para servirmos a Deus unidos e marca nossa consagração ao Senhor. Neste salmo também é dito que a comunhão é como o orvalho (ou chuva) do monte Hermom, que desce sobre os outros montes de Jerusalém, regando os campos e frutificando as árvores, trazendo mais vida e produtividade à terra. O crente que tem comunhão com Deus será suprido pela chuva de Deus em sua vida, e certamente será “como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o  seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer  prosperará” (Sl 1. 3).

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

1.  O que você tem feito para promover e melhorar a comunhão entre os membros da sua igreja?

2. De que maneira sua igreja demonstra a comunhão? O que ela faz para ajudar os membros mais carentes?

3. Qual é o procedimento adotado pelos líderes de sua igreja relacionado à membros que provocam divisões? Até que ponto este procedimento se baseia nos padrões bíblicos?

4. Porque que a comunhão na igreja é comparada como um óleo e como orvalho no Salmo 133. 1-3?

5. Em sua opinião, quando um crente fica em casa e despreza a companhia dos irmãos em sua congregação, justifica ele não se congregar pra assistir cultos na televisão? 

ORAÇÃO

     Somente estando ligado a Ti, Senhor, teremos vida com abundância e poderemos produzir frutos bons (Jo 15. 1-8). Ajuda-nos a sermos unidos como igreja e termos unidade como em um corpo, para glorificarmos a teu nome. Amém.

     Se você ainda tem dúvidas, entre em contato conosco pelo “FORMSPRING”, um quadro localizado bem na parte de baixo da página deste estudo e me envie sua pergunta. Você também pode participar do nosso fórum em nossa comunidade no Orkut. Acesse:  http://bit.ly/9D3AJJ e participe! Além disso, se você usa o Windows Live Messenger ou o Google Talk, pode falar comigo adicionando meu e-mail: jcservo@hotmail.com. Quando eu estiver online, você vai saber e então poderemos conversar em tempo real na própria página deste blog! O Status do GTalk está localizado abaixo do banner de título deste blog, mostrando uma bolinha; e a caixa de conversação do Messenger se encontra ao lado do quadro FORMSPRING, na parte inferior (a parte mais baixa da página).

Boa aula!

Pedro M. A. Júnior.

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