EBD: Lição 3 – A Oração Sábia

    
TEXTO-ÁUREO:E acabando Salomão de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto  e os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa(2Cr 7. 1).

VERDADE PRÁTICA: Apregoar a fidelidade do Senhor e adorá-lO com humildade leva-nos a interceder pelo próximo.

     Todos queremos ter nossas orações atendidas por Deus. Mas Deus tem seus critérios para respondê-las (Sl 34. 17; Is 30. 19; 66. 2). 
     Esta verdade é bem ilustrada pela vida de Salomão. Antes de tomar posse do reino de Israel, Salomão, tendo consciência de suas limitações, sabia ser uma grande responsabilidade ter de governar o povo escolhido de Deus. Além disso, deveria governar conforme a Palavra de Deus e ainda levar à cabo o projeto do Templo que Davi, seu pai, lhe encarregou. Deus vendo o coração turbado de Salomão, apareceu a ele e lhe incentivou a fazer-lhe uma oração: perguntou-lhe o que desejava (1Rs 3. 1-14).
     A resposta de Salomão a Deus em forma de um humilde pedido feito numa curta e singela oração agradou tanto ao Senhor que Ele prometeu dar a Salomão muito mais do que ele havia pedido ou pensado. E é assim que Deus faz (Ef 3. 20). Ele tem seus propósitos para conosco, e, para cumpri-los, basta que peçamos sabiamente (Tg 4. 3).
     Pedir sabiamente não é orar com esperteza, como se pudéssemos “enrolar” a Deus com nossa argumentação e eloquência. A oração sábia depende não da beleza e força das palavras usadas, mas na pureza do objetivo dos pedidos e na humildade dos sentimentos. Foi assim que Salomão pediu sabedoria a Deus. Salomão sabia que Deus não se impressiona com palavras apenas. Deus quer ver nossa sinceridade a Ele. E foi deste modo que Salomão agiu e recebeu mais do que pediu.
     Nesta lição aprenderemos a orar sabiamente como o rei Salomão.    

I. VIVENDO A DIFERENÇA
     O autor desta lição, pr. Eliezer de Lira e Silva, começa apontando que o lar de Salomão tinha muitos problemas mas não revela o que ele objetiva em alcançar ao mostrar isso. Daremos aqui nosso humilde parecer.
      1. O lar de Salomão. Os irmãos de Salomão revoltaram-se contra Davi, seu pai, enquanto que Davi não tomava nenhuma posição ou medida enérgica pra lhes refrear a estultícia e repreender-lhes a estupidez. Talvez o autor quis mostrar com isso que Salomão era diferente dos seus irmãos pelo fato de não haver se revoltado contra seu pai. E talvez este seja um dos motivos pelos quais Deus disse a Davi que Salomão seria seu sucessor no trono (1Cr 28. 6).
      2. Salomão e o altar de Deus. É interessante sabermos que a palavra lar, que em nosso idioma abrange a casa e as pessoas que nela moram, vem de um idioma bastante antigo, o catalão, que na sua cultura, reservava sempre na construção das casas um lugar especial onde a família se reunia para adorar seus deuses domésticos. 
     Na cultura catalã, que obviamente era pagã, este altar familiar ficava no que hoje chamamos de “sala de estar”, e sempre tinha uma lareira, que aquecia a família reunida para a adoração e para ouvir as histórias do chefe de família sobre as mitologias de seus deuses. Foi da palavra catalã para “lareira” que se derivou a palavra “lar”. No pensamento pagão a família eram os servos (a palavra catalã usada traduz-se por “domésticos”) dos deuses da lareira (ou do lar). A lareira era o altar onde a família se reunia para a adoração coletiva. Em certas casas de devotos católicos vemos uma estrutura parecida.
     O altar de Salomão não era pagão, e Salomão não era idólatra (até esta época). Enquanto a família de Salomão estava desestabilizada, ele punha-se a buscar ao verdadeiro Deus, enquanto seus irmãos buscavam tomar de Davi seu poder e posição de rei. Mesmo que seu lar não estivesse tendo tanta dedicação a Deus por parte de sua família, Salomão transformou seu quarto em um altar de oração. Foi por isso que ele não foi influenciado pelo pecado de seus irmãos e manteve-se em comunhão com Deus. Salomão vivia a diferença (Sl 66. 18).
     Querido leitor, se na sua família só você serve a Deus, não se preocupe. Separe um lugar só pra você e Deus e deixe o Senhor agir na tua família.
     O historiador Flávio Josefo narra a vida piedosa de Salomão, resumindo-a nestas palavras: 
Um dos primeiros cuidados do rei Salomão foi ir a Hebrom oferecer a Deus em holocausto mil  vítimas sobre o altar de bronze que Moisés  fizera construir.  Deus achou-o  tão agradável  que  lhe apareceu  à  noite,  em sonho, para dizer que, como recompensa por sua piedade, lhe concederia o dom que pedisse. Ainda que jovem, Salomão não se deixou levar pelo desejo das riquezas ou de outras coisas que parecem agradáveis aos homens.  Preferiu uma mais útil, mais  excelente e mais digna da bondade e da liberalidade de Deus. Assim, respondeu  ele:   ‘Senhor,   já  que  o  permitis,   suplico-vos  que  me   concedais   o Espírito da sabedoria e do proceder, a fim de que possa governar o meu reino com prudência e justiça’. Deus  ficou  tão satisfeito com esse pedido que,  após conceder-lhe uma sabedoria   extraordinária,   como   ninguém   antes,   príncipe   ou   particular, possuíra, declarou que não concederia somente o que ele estava pedindo, mas acrescentaria riquezas, glória, vitória sobre os inimigos e a posse do reino aos seus   descendentes,   desde   que   confiasse   nEle,   perseverasse   na   justiça   e imitasse   também  as   virtudes  de  Davi,   seu pai.  Salomão,   a  essas  palavras, ergueu-se do leito e adorou a Deus. Quando voltou a Jerusalém, ofereceu-lhe diante do santo Tabernáculo um grande número de vítimas e deu um banquete ao povo”. (JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus, Antiguidades judaicas, Livro 8º, Cap. 2  parágrafo 320, CPAD).
      3. A oração de Salomão na inauguração do templo. Ao analisarmos a oração do rei Salomão, proferida quando da inauguração do templo, onze meses após a conclusão de sua construção, podemos ver que ele primeiro fez um discurso ao povo, pra depois orar a Deus. O discurso é menos extenso do que a oração que ele fez ao Senhor, consagrando-lhe o templo (Veja 1Cr 6). Salomão estava mais interessado em falar com Deus do que ao povo. Mas por que não foram os sacerdotes que proferiram a oração de consagração do templo? Eis os motivos: (1) Os sacerdotes só começariam  a trabalhar no templo depois de inaugurado. Isto não impedia Salomão de consagrá-lo mesmo não sendo sacerdote. A consagração não vinha dos sacerdotes ou do rei Salomão, mas de Deus; (2) Sendo o rei Salomão a autoridade máxima da nação, ao orar a Deus dedicando a Ele o templo que construíra para sua glória, estava ele a demonstrar que o verdadeiro dono do reino de Israel e do templo era o Senhor; (3) A pessoa mais indicada para consagrar o templo era realmente o rei Salomão, pois os outros sacerdotes e levitas estavam bem atarefados ministrando todas as ofertas e sacrifícios que eram oferecidos durante a festa de inauguração do templo. Salomão assim fazendo serviria de exemplo para o povo, pois se o próprio rei adora a Deus e declara Deus como o real governante de Israel, prestando-lhe adoração, quanto mais devem fazer o mesmo seus súditos!
PARE E PENSE: Em nossa vida com Deus, deveríamos ter a mesma postura de Salomão: 
   (1) Não se deixar influenciar por aqueles que se revoltam contra o líder. Quantos crentes se revoltam contra seus pastores, buscando seus interesses escusos; 
   (2) Manter-se em comunhão com Deus, ansiando sua presença mais do que as coisas da terra que os homens carnais brigam para conseguir. Hoje em dia muito do nosso tempo para com Deus é tomado e substituído pelo corre-corre da vida materialista, centralizada no dinheiro e posição social apenas;
    (3) Reconhecer que Deus nos ajuda em nossos empreendimentos e dar a Ele todos os méritos por nossas realizações. Mesmo que você não possa construir um templo para Deus, pode reconhecer que tudo o que você consegue vem de Deus e é para a glória dEle.
 II. AS CARACTERÍSTICAS DA ORAÇÃO DE SALOMÃO
     A melhor forma de orar é seguindo os modelos bíblicos de oração. Nesta oração de Salomão, registrada em 2Cr 6 e 1Rs 8 temos o exemplo da maior oração registrada na Bíblia, fora do livro dos Salmos.
     1. Salomão confessou que Deus é único (2Cr 6. 14). Por ser único, depreende-se que os outros chamados “deuses” são falsos. Esta oração teve o endereço certo, ao “Deus de Israel” (vv, 14, 16, 17). Salomão dirige-se a Deus de outras maneiras: “Ó Senhor, meu Deus” (v. 19); “Ó meu Deus” (v. 40); “Senhor Deus” (vv. 41, 42). Cada expressão ressalta o caráter magnífico do Deus de Israel.
      2. Salomão proclama a fidelidade de Deus (2Cr 6. 14, 15). Deus é fiel ao que prometeu. É o que podem testemunhar aqueles que andam pela fé. Esta era a confiança de Salomão ao orar a Deus. Ele sabia que o Senhor continuaria sua fidelidade, firmada pelo concerto dEle com Davi. Na sua oração ele recorre à misericórdia de Deus. A misericórdia (hebraico hesed) de Deus é a garantia de que ele será fiel ao seu pacto. Esta palavra tem o mesmo significado e importância da palavra graça (grego karis). Da mesma maneira que “as misericórdias (hesed) de Deus são a causa de não sermos consumidos” (Lm 3. 22), é somente “pela graça (karis) sois salvos” (Ef 2. 20).
    3. Salomão era sensível ao bem-estar de seu povo. Note bem que Salomão pediu mais para o seu povo do que para si mesmo. No trecho paralelo de 1Rs cap. 8,  McNair (na Bíblia de Estudo Explicada, CPAD) comenta: “A oração [de Salomão] é dividida em sete seções, cada uma considerando um caso de necessidade que podia acontecer em  Israel; repete-se sete vezes a sentença: 'ouve tu, no lugar da tua santa habitação nos céus; ouve também e perdoa"’, ou palavras semelhantes.
    Os casos contemplados são:
(1)  Um juramento entre duas partes (vv. 31, 32).
(2)  Uma derrota do exército (vv. 33, 34).
(3)  Tempos de seca (vv. 35, 36).
(4)  Fome e peste (vv. 37-40).
(5)  Um estrangeiro que invoca o nome do Senhor (vv. 41-43).
(6)  O dia de batalha (vv. 44, 45).
(7)  O cativeiro (vv. 46-48).
PARE E PENSE: Você pode usar a mesma oração que Salomão fez em favor do povo de Israel, aplicando em favor de sua família. Mesmo que você não tenha nenhum grandioso templo para edificar e inaugurar fazendo uma solene oração no meio de uma multidão de pessoas, reúna sua família e consagre sua humilde casa ao Senhor Deus. O fogo de Deus também descerá sobre sua vida (1Cr 7. 1).
III. A ORAÇÃO INTERCESSÓRIA
     Salomão é um bom exemplo de intercessor. Todas as outras intercessões que aparecem na Bíblia são parecidas com a de Salomão.
       1. No Antigo Testamento.  O pr. Eliezer cita dois exemplos clássicos sobre intercessão. Temos o de Abraão por Sodoma e Gomorra (Gn 18. 22-33) e Moisés defendendo o povo de Israel (Êx 32. 32; Sl 106. 23). O que podemos acrescentar é tão somente os exemplos de Samuel intercedendo por Israel (1Sm 7. 5); um homem de Deus pelo rei Jeroboão (1Rs 13. 6); Davi por Israel (1Cr 21. 17); Ezequias pelo povo (2Cr 30. 18); Jó por seus amigos (Jó 42. 10).
      2. No período interbíblico. Neste período de 400 anos situado no tempo existente entre os livros de Malaquias e Mateus, o povo intercedeu mais por questões políticas e ansiava a chegada do Messias prometido, como mostra o pr. Eliezer em Lc 2. 36-38. Os livros apócrifos escritos nesta época contém várias orações, mas não são de valor espiritual algum para o crente de hoje.
      3. Em o Novo Testamento. A intercessão no Novo Testamento é um ministério sacerdotal da igreja (1Pe 2. 5). Jesus foi o maior exemplo de intercessor (Is 53. 12). Ele ordenou que orássemos por nossos inimigos (Mt 5. 44); Paulo orava pelos perdidos (Rm 10. 1), intercedia pelo crescimento da igreja (1Ts 3. 10, 12, 13).
PARE E PENSE: Interceder é antes de tudo se colocar no lugar do outro e sentir suas necessidades. A intercessão acontece quando eu tomo as cargas do meu próximo e através da oração ajudo-o a carregá-las . Isto constitui-se uma prova de amor para com o próximo. Mas além de orar uns pelos outros, devemos também agir, para não cairmos em uma atitude hipócrita (Tg 2. 15-17; 1Jo 3. 17, 18).
CONCLUSÃO
     A verdadeira oração sábia é aquela que une atitude com oração. Não adianta querermos que Deus faça algo por nós se nós mesmos não fazemos nada por Deus. Devemos sim dedicarmo-nos primeiro a Deus e aí sim Ele ouvirá nosso clamor, quando pedirmos segundo sua Palavra, a qual revela sua vontade.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO
 
1. De que forma você vive a diferença para que as suas orações façam a diferença para Deus?
2. Qual é a sua maior preocupação enquanto ora? Você sempre recorre à oração durante as dificuldades?
3. Para você, o que significa interceder?
4. Você recorda-se de alguma oração que Deus lhe respondeu? Qual?
5. O que mudou na sua mente ao estudar sobre a oração de Salomão que vai influenciar no seu jeito de orar daqui para frente?
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Pedro M. A. Júnior MSN: jcservo@hotmail.com TWITTER: @jcservo

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