A Visão Bíblica sobre a Política – Parte 1 de 3

    


     Iniciaremos aqui um estudo de três partes, onde abordaremos o parâmetro bíblico que norteia o comportamento ético do crente (e de qualquer cidadão de bem) no assunto “política”.
     Antes de nos determos sobre este tão polêmico assunto, faz-se necessário dar alguns esclarecimentos:

  1. Como sempre, em assuntos polêmicos, questão de opinião não se discute;

  2. Não temos o objetivo de constranger ou ofender quem quer que seja, através deste estudo bíblico;

  3. Aqui daremos nosso parecer pelo que entendemos ser dito nas Sagradas Escrituras e nos informes históricos que dispomos sobre este assunto;

  4. Será muito proveitoso para o querido leitor analisar meus argumentos e o contexto bíblico/histórico sobre o tema antes de formular críticas descabidas, caso não concorde com nossa posição;

  5. Não temos o objetivo de forçar ninguém a pensar igualmente a nós.

  6. Estamos abertos a receber apontamentos de nossos leitores desde que bem fundamentados.

     O período de campanha eleitoral está se findando e a hora de escolher nossos representantes políticos está próxima. Neste momento tão importante para o cenário brasileiro, cada cidadão consciente sabe do seu valor como algo decisivo, algo que irá definir o futuro político da sua nação, do seu estado, da sua cidade e mais importante, da sua própria vida e da sua família.
     Este estudo visa conscientizar cada cristão (e qualquer pessoa interessada, independente da sua religião ou credo) da importância do seu voto e do valor de se fazer uma boa escolha, uma escolha que seja consciente.
     A BUSCA DO EQUILÍBRIO
    Iremos tratar da participação dos religiosos (da igreja como um todo) no tema política, mostrando os dados históricos, para depois darmos nossa opinião e a orientação bíblica cabível a um bom posicionamento a respeito desta questão.
     Todo crente bem informado sabe o desastre que aconteceu na igreja quando ela misturou o poder eclesiástico com o poder político. Muitas atrocidades foram praticadas em nome da religião, mas, com interesses políticos.
Um Pequeno Resumo Histórico
A Igreja Institucionalizada
    A maior ênfase da união entre a Igreja e o Estado deu-se com a subida de Constantino ao poder como imperador, em 306, depois das Dez Grandes perseguições gerais dos imperadores antecessores a Constantino contra a igreja. Ele foi considerado o “Cesar do Ocidente”. Foi ele que decretou no Edito de Milão o Cristianismo como sendo a religião oficial do Império Romano em 312, mas que só foi confirmado em 380 com o edito de Teodósio I. Foi na época de Constantino que a igreja passou a perder mais da sua identidade que havia perdendo há algum tempo. Constantino transformou-se ao mesmo tempo no líder máximo do império e da religião ao mesmo tempo, e ofereceu benefícios políticos aos que se “convertessem” à fé cristã.
     É óbvio que muitos entraram na igreja sem se converterem de verdade, e ao entrarem na igreja, com eles vieram suas práticas pagãs, o que no decorrer do tempo, promoveu um sincretismo religioso, resultando no desvio da pureza doutrinária da igreja, dando origem à igreja católica da idade média, que tem suas bases até os tempos de hoje, com suas marcas nitidamente pagãs, misturadas com a pregação de um evangelho morto, que tem um caráter mais sócio político, devido a interpretação da mensagem bíblica promovida pela chamada “Teologia da Libertação”, que prega, ente outras coisas, o comunismo.
    As cruzadas, promovidas mais tarde, além da instituição da inquisição foram na verdade medidas políticas para conquistarem terras, fortalecer o poder político, expandir o território dominado pelo império e também um meio de matar aqueles que se opunham à Igreja Estatal. Dentre estes que se opunham, haviam muitos cristãos que pregavam contra os abusos doutrinários e políticos da igreja católica que morreram sob o adágio de “hereges”.
 
   Com o passar do tempo, vários reformadores formularam suas doutrinas onde defendiam a separação entre Igreja e o Estado, dentre eles, podemos destacar:

  • Martinho Lutero (1483-1546) esposava uma clara distinção entre a Igreja e o Estado, no entanto afirmava que o estado poderia decidir sobre certas questões eclesiásticas;

  • João Calvino (1509-1564) “procurou fazer uma clara distinção entre as esferas de ação da Igreja e do Estado, crendo que era dever do segundo manter a paz, proteger a igreja e seguir normas bíblicas nas questões civis. Em geral, Genebra e as igrejas reformadas da Europa tentaram seguir as suas idéias e evitar a dominação civil. O modelo político-eclesiástico vigente em Genebra na época de Calvino tem sido erroneamente denominado de teocrático” (Prof. Alderi Souza de Matos).

  • Os anabatistas e outros reformadores radicais insistiram, a partir do seu entendimento das Escrituras e das suas próprias experiências, a necessidade da completa separação entre a igreja e o estado. A sua posição pareceu tão anárquica naquela época que eles foram duramente perseguidos por todos os outros grupos, protestantes e católicos. Por sua vez, os anabatistas transmitiram suas concepções sobre a igreja e o estado a outros movimentos congêneres na Inglaterra do séc. XVII: batistas, quakers e independentes (Enciclopédia Histórico Teológica da igreja Cristã, vol. 2, pág. 300, Edições Vida Nova).
     Através deste pequeno resumo histórico, vemos que a participação exagerada da igreja na política trouxe sérias consequências. 

A Igreja Apolítica (contra a participação política)

       Mas existe um outro extremo: a doutrina herética que apregoa a total indiferença e ausência de participação dos crentes nos assuntos políticos. Doutrina esta que até proíbe tal participação. É a doutrina dos testemunhas de Jeová.

     Esta doutrina em que os testemunhas de Jeová praticam ensina que o ato de votar em algum político é estar de acordo com o presente século mal e pertencer ao domínio do Anticristo. Eles, portanto, ao irem a uma cabine eleitoral, são ensinados a anularem seu voto (os que ainda não tiveram seu título de eleitor cassado por não prestarem serviço militar, que é outro ensinamento exótico deles).

     Vemos aí dois extremos: De um lado, a igreja que quer mistura-se ao Estado, unindo o poder secular com o poder eclesiástico, e, de outro lado, a seita russelita (os testemunhas de Jeová), que apregoam que não se deve votar, não permite a participação no serviço militar e proíbe qualquer demonstração de patriotismo, inclusive o ato de se reverenciar a bandeira nacional e cantar o hino brasileiro.

    Hoje em dia vemos pessoas que demonstram atitudes destes dois extremos. Uns dizem que anularão seu voto porque, para eles, todos os políticos são desonestos (inclusive os evangélicos), e outros crentes que até brigam e discutem para defender seu candidato.

     É necessário buscarmos um equilíbrio sobre tal assunto. Pergunto então, para os “crentes ativistas”: – Você defende e prega o evangelho com a mesma força e empolgação pela qual você defende seu candidato? E uma pergunta também aos crentes que imaginam que o evangelho não tem nada a ver com a política: Já que vocês se consideram tão bíblicos e santos, porque não procuram seguir as instruções contidas na Bíblia (como em Mt 22. 21; Rm 13. 1, 4-7)?

Como Podemos Alcançar o Equilíbrio?  
 
     O comportamento cristão é pautado pela Bíblia. Ela tem a resposta e a direção sobre qualquer assunto. Sobre isso, a resposta é fácil, basta que você veja e medite  nestas passagens e as pratique (Êx 22. 28; 1Sm 24. 6; Pv 24. 21; Ec 8. 2; 10. 20; Mt 17. 27; Tt 3. 1; 1Pe 2. 13, 14, 17; Jd 8).

     Na segunda parte deste estudo veremos os ditames bíblicos que podem orientar o cristão a votar de forma consciente.

Pedro M. A. Júnior     Twitter: @jcservo     MSN: jcservo@hotmail.com

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