PRECISA-SE DE PROFETAS!

João Batista
INTRODUÇÃO  
A noção de profeta e profecia tem se perdido no meio da igreja. O sentido de profeta hoje em dia é “aquele varão ou varoa que profetiza a vitória”. Esse é o profeta que todos aplaudem! Já o sentido de profecia é “aquela palavra de bênção que o pregador famoso ou o irmão do reteté afirma que vai acontecer na minha vida pela bênção de Deus”. Também dizemos que profecias assim são aceitas e aplaudidas por todos. Mas, e o que a Bíblia mostra sobre o assunto?


    A Bíblia nos mostra um profeta bem diferente dos que hoje em dia perambulam pelas igrejas. Ele não era nem um pouco popular ou aplaudido; as pessoas não procuravam ele, pois diziam que ele só profetizava desgraça na vida daquele que “não se convertesse”. Sua profecia era estranha: Era um discurso sobre “produzir frutos de arrependimento” e dizer que uma outra pessoa estava chegando para recompensar os bons e castigar os maus e outras coisas do tipo. Ele não andava com as pessoas da alta sociedade e nem pregava prosperidade, pois a única roupa que tinha consistia de pêlos de camelo e um cinto de couro.
   Você sabe de quem estou falando? Isso mesmo… Estou falando de João Batista.
   Ele é um exemplo de um verdadeiro profeta, conforme podemos ver em Mateus 3. 1-12, algumas das características de João Batista:
I.   UM HOMEM PARA UMA ÉPOCA (V. 1) – Diz o texto que “naqueles tempos” apareceu João Batista. Ele apareceu pregando na hora certa, no lugar certo com a mensagem certa (2Timóteo 4. 1-2). Ele tinha uma mensagem atual e aplicável. João Batista pregava a verdade sem deixar de falar o que o povo necessitava ouvir. E, naquele instante de preparação para receber a chegada do Messias em meio a uma lassidão moral generalizada, João Batista pregou contra o pecado, exortando o povo a preparar-se para receber o Messias que estava chegando. E os profetas que pregam pra você, caro leitor, têm eles lhe avisado sobre os efeitos devastadores do pecado e lhe exortado a se preparar para a vinda de Jesus? Veja Atos 10. 42; 24. 24, 25.
II.   UM MENSAGEIRO DO REINO (V. 2) – Existem muitos pregadores que o tema dos seus sermões são os seguintes: “VOCÊ é especial”, “Deus ama VOCÊ”, “VOCÊ é vitorioso”, “Hoje, VOCÊ vai ter a bênção!”, etc. Pregações que mais parecem discursos de reunião de auto-ajuda do que mensagens de transformação que partem do coração de Deus!
     Este tipo de mensagem coloca o ser humano no centro de tudo. É o que se chama de mensagem “água-com-açúcar”, estas mensagens que massageiam o ego e adoçam os ouvidos (2Timóteo 4. 3). Com João Batista o negócio era diferente. Ele era pregador do Reino. Em vez de querer ser popular com mensagens humanistas ele repreendia o povo: “arrependei-vos”. E, ao invés de pregar auto-ajuda, ele apontava para a ajuda o alto: “porque é chegado o Reino dos Céus. João Batista era um pregador do Reino de Deus. Se o Reino é de Deus, o centro da mensagem deve ser a glória de Deus, a vontade de Deus, o poder de Deus e não o homem. Deus é o centro e não o homem.
      O profeta que você tem ouvido só te profetiza bênção ou também te mostra a importância do arrependimento e de uma vida santa? Como são as mensagens que você tem escutado – auto ajuda (o homem no centro de tudo tem poder para ajudar a si mesmo) ou mensagens que mostram a ajuda do alto (Deus é o centro de tudo e faz todas as coisas colaborarem para o bem daqueles que lhe obedecem e o amam)?
III.   A MISSÃO DO MENSAGEIRO (V. 3) – Alguns pregadores além de pregar mensagens antropocêntricas (o homem no centro de tudo), ainda têm o descaso de pregarem sobre si mesmos. São homens e mulheres que querem chamar a atenção para si mesmos como se fossem pop stars. No entanto, João Batista estava consciente de sua missão: Não era de chamar a atenção para si e sim para o Messias que havia de brevemente chegar, pois ele era a … “voz do que clama no deserto". João Batista havia recebido diretamente esta ordem da parte de Deus: “preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. A missão de João Batista não era chamar a atenção do povo para si, mas chamar a atenção do povo para o Messias: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3. 30). O pregador que você ouve é realmente alguém humilde? Ele é realmente um mensageiro do Reino que busca a glória do Rei ao invés de seu próprio lucro, proveito e fama?
V.   A VIDA ABNEGADA DO MENSAGEIRO (V. 4) – João Batista não era materialista como muitos pregadores de hoje. Já vi pregadores gabarem-se de estarem usando paletós caríssimos e sapatos de R$ 5.000,000 (Cinco mil Reais). Já vi pregadores dizerem que “se você quer envergonhar satanás é só fazer um churrasco em sua casa e comprar uma garrafa de dois litros de refrigerante Coca-Cola”, como se satanás ficasse com inveja disso!
     João Batista não era assim. Sua roupa não era de grife: pêlo de camelo e um cinto de couro. Ele não tinha dinheiro para comprar a “Coca-Cola” da sua época e nem frequentar os melhores restaurantes, pois no deserto, ele só poderia encontrar como alimento alguns gafanhotos e mel. Grande cardápio, não acha?
     Não estou querendo dizer que sou a favor do irmão andar todo maltrapilho e mal vestido, e de não se alimentar bem, de modo algum! Quero apenas contrastar a posição de muitos pregadores de hoje e o profeta João Batista. Muitos se dizem chamados por Deus para fazer a obra do Senhor mas querem ir somente para os campos onde já existem muitos crentes (Romanos 15. 20; 2Coríntios 10. 14-16). Quando ele sabe que a igreja quer mandá-lo para um deserto semelhante ao deserto onde João Batista estava, recusam-se a ir afirmando que Deus nunca os levaria para um lugar de escassez e privações. Muitos hoje valorizam mais o exterior do que o interior. Àqueles irmãos que se vestem melhor, é dispensada a eles melhor honra, enquanto os que se vestem mais humildemente são desvalorizados e até desprezados (Tiago 2. 1, 9).
   Não se lembram que em Israel havia muitos sacerdotes, reis e pessoas de destaque vestiam-se de forma luxuosa, mas quem Deus levantou foi um homem que se vestia de forma grotescamente simples e humilde. João Batista não se importava com suas roupas exteriores, ele preocupava-se mais com sua vida espiritual interior (Provérbios 13. 7; Apocalipse 2. 8-10).
   É por isso que existem muitos pregadores frouxos sem coragem de falar a verdade. Eles não querem se revestir com o revestimento de João Batista. Eles são frouxos por que lhes falta o cinto de couro que João Batista usava!
        Amigo leitor, você passa mais tempo olhando-se no espelho admirando seu exterior, querendo impressionar os que estão à sua volta, ou ao invés disso você passa mais tempo de joelhos, na presença santificadora do eterno Deus, examinando o teu interior, que só Deus vê, no intuito de agradar ao Senhor e não aos homens (1Sm 16. 7; Gálatas 1. 10)?
V.    A INFLUÊNCIA DO MENSAGEIRO (V. 5) – Todos eram atraídos pela mensagem de João Batista porque sabiam que João praticava o que pregava. Mesmo com uma das mensagens mais duras da história da homilética, multidões afluíam ouvir-lhe as palavras de repreensão. Isto me faz entender que quando vemos pregadores que só pregam mensagens light, é porque tem alguma coisa errada: (1) Ou ele não pratica o que prega e por isso não tem coragem de cobrar dos outros aquilo que ele não faz, ou (2) prega para agradar às pessoas buscando melhor posição para sair do “deserto” e ser promovido para um “palácio”, ou, ainda (3) as duas opções anteriores ao mesmo tempo!
     João Batista não era frouxo. Mesmo na prisão ele pregava contra os pecados do rei Herodes para o próprio Herodes (João 1. 41)!!!
    Isto é a melhor evidência de que ele não tinha medo da morte, e que somente cortando-se a sua língua (ou a cabeça, como aconteceu mais tarde) é que conseguiriam calar sua voz.
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VI.   O RESULTADO DA MENSAGEM DO MENSAGEIRO (V. 6) – Diz este versículo 6 (do capítulo 3 de Mateus) que as pessoas que ouviam a mensagem de João eram batizadas e confessavam os seus pecados. A mensagem de João Batista era objetiva e apelava para uma tomada de  atitude, posição ou decisão. Existe uma certa história ocorrida com C. H. Spurgeon em que ele mesmo conta da sua vergonha e desapontamento em não ter feito o apelo em um certo culto no começo da sua carreira a uma multidão que superlotava um ginásio. Ele relata que disse para as pessoas voltarem, refletirem sobre o que ouviram naquele dia e depois voltassem na noite seguinte prontos para entregarem-se a Jesus Cristo. Naquela noite houve um grande incêndio naquela cidade. Muitas daquelas pessoas que lhe ouviram pregar morreram sem antes decidirem-se a Cristo porque ele adiou o apelo e a oportunidade de orar por elas um dia antes de tal tragédia. Depois disso ele escreve que jamais encerraria uma mensagem sem antes fazer o apelo para as vidas decidirem sobre o seu próprio destino eterno.
   A mensagem que você tem ouvido apenas manda você dar glória a Deus e botar a mão no ombro do seu irmão e dizer que ele é vencedor? E quando você prega, você lembra de fazer o apelo, sendo consciente que Jesus pode voltar à qualquer momento e que não poderemos ter tempo de esperar para amanhã o convite da salvação? Prepara-te hoje! Veja Lucas 14. 21-23; Provérbios 24. 11.
VII.   A MENSAGEM DO MENSAGEIRO (VV. 7-12) – O povo sentia que Deus falava através de João Batista. A voz era de João, mas a Palavra era de Deus (2Samuel 22. 3). Quando pregamos a legítima Palavra de Deus, com certeza veremos os seus resultados (Isaías 55. 11). João Batista não fugia da sua responsabilidade de pregar a verdade. Leia Ezequiel 33. 1-20.
CONCLUSÃO
   Imagine nos dias de hoje João Batista procurando algum ministério para poder servir ao Senhor. Na mesa da secretária do pastor está o seu currículo. Ela senta-se com o pastor, mostra para ele o currículo de João Batista e, após ler o pastor manda sua secretária dar um recado para o profeta:
profeta3
    Pra quem não sabe a internet é um ótimo meio de comunicação e serve muito bem para pregar o evangelho a milhões de pessoas ao mesmo tempo sem sair do lugar, sem precisar viajar, sem se fazer tanta despesa. É isso o que eu (Pedro Júnior, autor deste blog) tento fazer!
   Agora imaginemos a secretária pastoral dando o recado ao profeta João Batista. Ela senta-se frente à frente com o próprio João Batista e tem nas mãos o currículo dele. Ela olha para ele (com um visual mais moderninho) e segue-se o seguinte diálogo:
profeta-há vagas
     É uma pena, mas tem muitos “João Batistas” que não têm lugar na igreja porque veem falhas na liderança, seja política ou eclesiástica. No entanto, foi com a pregação de João Batista que o cenário para a vinda de Cristo foi armado. Fico pensando se muitos semelhantes a João Batista fossem levantados, atraindo multidões, mas pregando a verdade, vivendo sem ostentação, sem hipocrisia, falando contra o pecado… Creio que assim o cenário da igreja mudaria e ela estaria mais preparada para a segunda vinda de Cristo.
    Precisamos urgentemente de profetas como João Batista!
   Enquanto muitos dispensam um verdadeiro profeta (pastor que prega a verdade), deixo aqui uma placa para os interessados em preencherem a vaga e as credenciais de João Batista.
Precisa-se de profetas!

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