EBD: O PODER E O MINISTÉRIO DA ORAÇÃO (4º Trimestre de 2010)


INTRODUÇÃO AO ASSUNTO DO TRIMESTRE

     Visto que Deus deseja ter comunhão conosco (2Cr 7. 14; Is 65. 24), que Ele também ordena a seus servos que estabeleçam com Ele um contato contínuo (Jr 33. 3a), e, já que através deste contato ou comunhão íntima com Deus, o homem só pode colher resultados benéficos (Is 41. 17), o estudo sobre a oração torna-se, portanto, um assunto de elevada importância para o desenvolvimento da nossa vida espiritual e devocional.

     Ao estudarmos sobre oração, devemos ter em mente que, melhor do que o estudo em si, a própria prática da oração em si é superior a qualquer declaração dogmática a seu respeito. A importância da oração como prática espiritual está refletida em toda a abordagem bíblica sobre este tema e na influência que exerce sobre a vida dos cristãos praticantes. Vemos isto nos exemplos bíblicos que temos dos grandes guerreiros da oração; nos modelos de orações que saturam o texto bíblico e nas frases de célebres homens de Deus, como por exemplo:

     >>  João Calvino, que dizia: “A oração é a alma da fé”;

    >>  Mattew Henry, famoso comentarista bíblico do século XVII, afirmava que “A Bíblia é uma carta que Deus nos enviou, e a oração é uma carta que nós enviamos a Deus”;

    >> Martinho Lutero, declarava que “Assim como o negócio dos alfaiates é fazer roupas, e o dos sapateiros é remendar sapatos, o negócio dos verdadeiros cristãos é orar”;

   >> John Bunyan, autor do livro “O Peregrino”, certa vez escreveu: “A oração é um escudo para a alma, um sacrifício a Deus e um açoite para satanás”.

     Este estudo proposto, cujo tema é “O Poder e o Ministério da Oração”, visa incentivar os crentes a desenvolverem ou fortalecerem o hábito da oração dinâmica, abandonando aquele costume melancólico de uma oração frívola e rotineira, para assumirem seu lugar entre os verdadeiros intercessores de Deus, cujas orações sobem continuamente ao Senhor, como se fossem sacrifícios em louvor do seu nome (Sl 141. 2; Pv 15. 8). 

    Quando a igreja se conscientizar que a oração ainda é um recurso eficaz para aquele que o usa com fé naquEle que é o Todo-Poderoso, veremos que os tempos da igreja primitiva voltarão, com força redobrada, dinamismo reforçado e com o primeiro amor renovado, tornando a igreja mais do que vencedora.

     Que Deus nos ensine a orar!



EBD: Lição 1 – O QUE É ORAÇÃO

Texto-áureo: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando  nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6. 18).

Verdade prática: A oração é o meio de comunicação que Deus estabeleceu para cultivarmos um relacionamento íntimo e contínuo com Ele.

     Não há duvidas de que a oração ocupa lugar primordial dentre as disciplinas espirituais e devocionais do crente em Cristo. Não é possível que o crente vença as tentações, cresça espiritualmente, desenvolva a sua santificação e vença o mundo e satanás sem estar embebido pela graça que vem do alto pelo canal da oração, além de estar arregimentado pelas armas espirituais que a oração nos proporciona.

     A oração é um campo de batalha espiritual e teológico. Dizemos que é um campo de batalha espiritual porque, a partir do momento em que passamos a manter uma vida de oração, o inimigo da minha e da sua alma levanta-se em oposição, na tentativa de demover-nos deste santo propósito, no intuito de nos fazer fracassar espiritualmente. Também afirmamos ser a oração um campo de batalha teológico, porque temos de admitir, como disse o próprio apóstolo Paulo: “não sabemos o que havemos de pedir como convém” (Rm 8. 26). 

     Infelizmente, nem todos os estudiosos da Bíblia e os teólogos são tão bons na labuta da prática da oração quanto o são em conhecer as doutrinas bíblicas na teoria. Eles sabem explicar de forma simples os mais complexos postulados teológicos nas tribunas e nos púlpitos, mas, não têm experiências espirituais no seu altar de oração, no seu quarto, a sós com o Pai celeste. Esta situação é triste. Isto me faz lembrar da frase de John Flavel, que disse: "O melhor teólogo é aquele que estuda de joelhos”.

     Além disso, teologicamente falando, existem também muitos ensinos distorcidos que dão à oração um caráter e uma função que as Escrituras não lhe conferem. Orações em que o crente “determina”, “toma posse da bênção”, “não aceita a miséria” e “coloca Deus contra a parede”, têm sido assimiladas dentro do arraial dos santos, prejudicando sua vida espiritual.

    O assunto “oração” permeia toda a Bíblia, e, durante estes próximos três meses estaremos não só estudando o assunto, mas, colocando-o em prática. Nossa oração a Deus é que você possa mudar e/ou melhorar sua postura e prática na oração. Faremos este primeiro estudo, como formulado pelo autor da lição, em forma de perguntas e respostas.

I.    A QUEM ORAR E QUANDO ORAR?
     Em nossa vida antes de  conhecer a Deus, era natural recorrermos “aos que por natureza não são deuses” (Gl 4. 8). Mas a Bíblia nos ensina diferente. Temos que buscar a apenas um Deus, pois só existe um Deus  vivo e verdadeiro, nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

    Nossa oração é diferente do ato de rezar, pois enquanto a reza é um monólogo onde se repete a pronuncia de palavras previamente memorizadas, na oração temos a oportunidade de dialogarmos com Deus em nossas próprias palavras de maneira mais pessoal, confiantes de que Deus as ouvirá (Sl 65. 2; Is 29. 13; Mt 6. 7).

     1. Devemos orar a Deus. A Bíblia expressa o dever de se orar a Deus, através de mandamentos (Sl 105. 4; Is 55. 6; Jr 29. 13; Amós 5. 4) e de exemplos (Sl 5. 2; 32. 6; 40. 1-3; 99. 6).
     A Bíblia mostra orações feitas a Deus Pai (Sl 116. 1); a Deus Filho (At 7. 59). E a Deus Espírito Santo? Podemos orar a Ele também?

     Existem duas respostas para esta pergunta. 

    (1) Alguns estudiosos afirmam que as orações só podem ser dirigidas a Deus Pai e a Deus Filho, já que o Espírito Santo está na terra com o crente (Jo 14. 17) e serve de ligação entre o crente e o Pai e o Filho (Jo 14. 23, 26; 15. 26; 16. 13; Rm 8. 9; 2Co 1. 22; 5. 5; Ef 1. 13, 14; 4. 30; 1Jo 1. 3), que em resposta à oração, derramam sua bênção do céu na vida do crente. O Espírito Santo ajuda o crente a orar, intercedendo juntamente com e por ele, consolando-o, fortalecendo-o e elevando ao céu o gemido do seu coração  (Rm 8. 26, 27). 

    (2) Outra resposta que os estudiosos dão é que existe em 2Ts 3. 5 um resquício de oração ao Espírito Santo, pedindo que o Senhorencaminhe os vossos corações” a Deus Pai (“o amor de Deus”) e a Deus Filho (“a constância de Cristo”). Este que Paulo chama de “Senhor” seria o Espírito Santo, que encaminharia o coração dos tessalonicenses ao amor de Deus (o Pai) e à constância de Cristo (o Filho). Em outra passagem Paulo aplica ao Espírito Santo o título de “Senhor” (indicando divindade), em 2Co 3. 17.

     2. Quando tudo está bem. A oração contínua serve de prevenção contra as investidas de satanás. Antes de ser jogado na cova dos leões, Daniel já tinha há muito tempo uma vida contínua de oração. Diz a Escritura que quando foi assinado o decreto que proibia a oração a qualquer deus que não fosse o rei, Daniel manteve seu costume de orar ao Deus único e verdadeiro (Dn 6. 10). Ele acabou sendo descoberto e condenado à morte na cova dos leões, mas Deus o protegeu. Aplicando este episódio à vida espiritual, o apóstolo Pedro nos faz em apelo sério em 1Pe 5. 8, 9. Aos que não gostam de orar a Bíblia avisa: cuidado para o leão não te tragar!

     3. No dia da angústia e da adversidade. Em Tg 5. 13 temos o remédio contra as aflições da vida: a oração! Ele usa aqui a palavra grega κακοπαθει (kakopathei) traduzida por “aflito”, e tem o sentido de “estar passando por problemas diversos”. A oração especifica a Deus qual problema ou problemas nos atinge e demonstra nossa fé no poder que Deus tem em resolver nossas dificuldades. A Bíblia afirma que Deus sabe o que nós vamos pedir antes mesmo de falar (Mt 6. 8), mas Ele quer que falemos mesmo assim para podermos demonstrar nossa fé (Mc 10. 51).

     Quando os problemas da vida afligirem o seu coração, não desanime, mas clame a Deus, e a resposta virá (Sl 30. 5; 102. 2; 138. 3). Deus é o teu ajudador (Hb 13. 6).

PARE E PENSE: É necessário lembrarmos que é bastante proveitoso o crente ter algum horário fixo para suas orações diárias, e não somente orar para agradecer pelos momentos bons, ou para deixar para orar somente quando estiver passando por problemas, pois a Bíblia diz enfaticamente “Orai sem cessar” (1Ts 5. 17) . Os judeus oravam três vezes por dia (Sl 55. 17; Dn 6. 10). Se sua agenda é corrida, escolha apenas um horário para tirar tempo para orar. Pode ser ao acordar antes de ir ao trabalho (Sl 5. 3; 143. 8); ou de madrugada (Sl 88. 3; Pv 8. 17), ou antes de dormir, à noite (Sl 88. 1). Durante esse período, derrame seu coração na presença do Senhor! Ninguém busca a Deus em vão. É o próprio Deus quem garante isso (Is 45. 19)!

II.   COMO ORAR
     Quem tem uma vida de oração sabe que Deus não se impressiona com orações que se expressam por meio de uma linguagem rebuscada, ou pelo uso de palavras bonitas proferidas em um tom sentimental. É assim que se fala aos homens de autoridade, mas não ao Pai Amoroso. Devemos respeitá-lO e temê-lO, não como a um carrasco, mas como a um Pai carinhoso.

     1. Com reverência. A reverência é o primeiro elemento da religião; não pode deixar de ser sentida por todos os que têm uma visão correta da grandeza e santidade divinas e de seu próprio caráter aos olhos de Deus”, dizia Charles Simmons sobre a maneira certa de se aproximar de Deus. Reverência diz respeito ao comportamento e ao sentimento de contemplação e respeito diante da presença santa de Deus. Temos em Êx 19. 16-23 um bom exemplo de reverência, como também em Êx 3. 5; Sl 89. 7; Hc 2. 20.

     2. Com fé e humildade. Falta humildade para aqueles que dizem que colocam Deus contra a parede com suas orações (Is 45. 9). Deus promete responder ao que crer em sua Palavra e for humilde (Is 66. 2). Deus não resiste a um coração quebrantado e contrito (Sl 51. 17). A humildade do pecador publicano em sua oração a Deus foi mais eficaz do que a oração hipócrita do religioso fariseu (Lc 18. 10-14), pois a oração humilde sobe direto ao céu e encontra o endereço de Deus (Is  57. 15).

     3. Priorizando o Reino de Deus e seus valores eternos. Reino” diz respeito a um território governado por um rei, ou ao alcance do poder do rei. Fala também da autoridade do rei naquele território por ele governado. Deus quer ser Rei em todas as áreas da nossa vida (Mc 12. 29, 30; 1Co 8. 6; 2Tm 2. 11-13). E nós temos que orar para que “seja feita a tua vontade tanto na terra como no céu” (Mt 6. 9, 10). Fazendo assim, “as demais coisas" nos serão acrescentadas (Mt 6. 33).

PARE E PENSE: A melhor maneira de agradar a Deus em nossas orações e receber a resposta é pedir segundo a sua vontade (1Jo 3. 22; 5. 14). Já que o caráter presente do Reino de Deus é espiritual (Rm 14. 17), devemos dar ênfase a assuntos espirituais e às nossas necessidades espirituais. Não é errado orar por coisas materiais, mas elas não devem ocupar o primeiro lugar nas preocupações do cristão (Mt 6. 21, 24-33). Infelizmente não é o que ensinam as igrejas que pregam a teologia da prosperidade.

III.   ONDE ORAR E POR QUEM ORAR?
     O lugar da oração e o propósito dela tem uma certa importância. Para orar em particular é sempre bom escolher um lugar sossegado, onde você não seja interrompido.

     1. O lugar da oração. A Bíblia mostra orações feitas no monte (Mt 14. 23); no jardim (Mt 26. 36); em um lugar deserto (Mc 1. 35); no quarto (Dn 6. 10; Mt 6. 6); no templo (Is 37. 14-16); no ventre do peixe (Jn 2. 1); no cenáculo (At 1. 13, 14); próximo a um rio (At 16. 13) etc.

     Não existe discriminação de lugar para orar (Mt 18. 18-20; 1Tm 2. 8).

     Agora passaremos a mostrar por quem orar (a intercessão).

a)  Orar por si próprio. Sl 43. 1; 54. 1; 69. 1; Lm 3. 59.
b) Pelos amigos. Dt 9. 25; Lc 22. 32; Rm 8. 34; Hb 7. 25.
c) Pelos inimigos. Is 53. 12; Mt 5. 44; At 7. 60.

    2. Orar pela igreja de Deus. Ef 6. 18 e 2Co 11. 28 mostram a solicitude de Paulo pelas igrejas. Em Cl 1. 9-12 temos um exemplo de oração intercessória pela igreja.

    3. Orar por todos os homens e pelas autoridades constituídas (1Tm 2. 1, 2). Para fins de bom exemplo é aconselhável termos esta postura para com as autoridades, para o nosso próprio bem (Rm 13. 1-6).

PARE E PENSE: A intercessão é um dos papéis que a igreja como um todo deve exercer (At 12. 5; Tg 5. 16). Sendo um sacerdócio santo, deve a igreja desempenhar este seu ministério de intercessão  de forma plena (1Pe 2. 5). Interceder é a melhor maneira que a igreja dispõe para permitir que Deus possa  influenciar os acontecimentos no mundo, cumprindo o seu plano na terra. Cada crente, como intercessor, deve sentir a necessidade urgente do mundo e das pessoas à sua volta, e pedir para que Deus intervenha. Mas para sentir a mesma necessidade que Deus vê no mundo, devemos ter a visão que Deus tem. Foi isso o que Jesus nos ensinou (Mt 9. 36-38).

CONCLUSÃO

     Baseados no que vimos acima, podemos dizer que a oração é o melhor exercício da alma, o momento precioso de intimidade para conversar com Deus e o ato pelo qual o crente demonstra que deseja que a vontade do Senhor se cumpra em sua vida e na vida das outras pessoas.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

    1) Por que que muitos cristãos pensam que a oração é uma forma de barganhar as bênçãos de Deus?

    2)  Você acha que sua vida de oração deve melhorar? Em que parte? O que você vai fazer para que melhore?

   3) Nas suas orações, de que maneira você tem “priorizado o reino de Deus”?

   4) Quando você ora, você mais pede do que agradece? Você pede mais por assuntos materiais do que pelos espirituais?

   5) Você já orou hoje por quantos minutos/horas?

     Qualquer dúvida, escreva-nos pelo Formspring, (quadro localizado na parte inferior da página) ou se preferir, participe do nosso fórum, cadastrando-se gratuitamente na nossa comunidade no Orkut neste link http://bit.ly/9nbvra

Pedro M. A. Júnior  Twitter: @jcservo     MSN: jcservo@hotmail.com



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